Título: Criticado pela CNBB, governo defende o uso de células-tronco
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2005, Vida, p. A17

BRASÍLIA - O Ministério da Saúde saiu ontem em defesa das pesquisas com células-tronco, duramente criticadas no domingo pelo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Geraldo Majella Agnelo. Em nota divulgada no início da noite, o ministério elogia a conduta dos parlamentares que aprovaram, há duas semanas, a Lei de Biossegurança, permitindo a pesquisa no Brasil. "As pesquisas com células-tronco embrionárias representam a esperança de cura para portadores de doenças de vários tipos, entre os quais se destacam as doenças do coração, neurodegenerativas, genéticas, diabete, etc. Da mesma forma, as células-tronco serão capazes de reconstituir tecidos como pele, ossos, dentes, tecido nervoso e outros. Vítimas de acidentes e de violência, que tiveram lesões físicas atualmente irreversíveis, terão grandes chances de recuperar os movimentos de seu corpo a partir da aplicação das técnicas que podem ser desenvolvidas nessas pesquisas", diz o texto.

Em seu sermão do Domingo de Ramos, em Salvador, d. Geraldo disse que "o ministério faz remédio para matar" e declarou que "os embriões também são gente, é vida, não podem ser usados como remédios para os outros".

A Igreja Católica defende que já há vida a partir do momento da fecundação. Já os cientistas alegam que os embriões usados nas pesquisas são apenas as primeiras divisões celulares.

Na nota, o ministério lembra que financia pesquisas com células-tronco e pretende incluir as terapias no Sistema Único de Saúde (SUS) assim que os resultados positivos forem confirmados. "Para o paciente, os maiores benefícios são recuperação mais rápida e a melhoria da qualidade de vida, com a diminuição da necessidade do uso contínuo de medicamentos. Para o sistema, o uso dessa tecnologia significa economia e eficiência, diminuindo os custos dos tratamentos, liberando recursos do SUS para a aplicação na prevenção e cura de outras patologias, beneficiando a toda a população brasileira."