Título: Número de conflitos rurais dobrou no governo Lula
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2005, Nacional, p. A8

Segundo CPT, foram 2.733 casos; nos dois últimos anos de FHC, foram 1.424 Nos dois primeiros anos do governo Lula houve 2.733 conflitos pela posse da terra no Brasil, quase o dobro dos 1.424 verificados nos dois últimos anos do governo Fernando Henrique. O número de mortos, porém, baixou de 73, em 2003, para 39, em 2004, uma redução de 46,6%, com tendência a continuar caindo.

De janeiro a abril, houve 9 assassinatos de trabalhadores e líderes rurais, 8 na Terra do Meio, no Pará, incluindo o da freira americana Dorothy Stang. Os dados constam da última edição do relatório Conflitos no Campo, divulgado ontem pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Igreja Católica, e mostram o aumento do número de conflitos, resultado do alto grau de expectativa e frustração dos movimentos rurais em relação à reforma agrária.

'FORÇA MALDITA'

Para o presidente da CPT, d. Thomaz Balduíno, o aumento das hostilidades deve-se a três fatores: o avanço do agronegócio, que ele chama de "força maldita"; o aumento da repressão institucional e a timidez do governo federal na reforma agrária.

O documento mostra também maior interferência do Judiciário e das forças repressoras do Estado no governo Lula, o que, para d. Balduíno, explica a redução dos casos fatais. "O Estado está aliviando o trabalho do latifúndio ao assumir o ônus da repressão com a polícia e o Judiciário".

Em 2004, cresceu o número de despejos (10,8%) e de prisões de trabalhadores (5,5%) envolvidos nos conflitos. "Até agora, já são mais de 200 mil pessoas atingidas pela violência institucional do Judiciário", criticou o religioso. Também em 2004, conforme o relatório, ocorreram 1.801 atos de violência contra camponeses, o maior número desde que a pesquisa foi iniciada, há 20 anos.