Título: Para mercado, juro só cai em agosto
Autor: Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2005, Economia, p. B4

Pesquisa do BC indica que ciclo de altas foi encerrado com o índice de 19,25%

BRASÍLIA-19,25% é a taxa de juros fixada pelo Copom na última reunião

17,13%

é a previsão do mercado para a taxa de juros em dezembro

5,8%

é a atual previsão para a inflação

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião da semana passada, de elevar os juros em 0,50 ponto porcentual, fez o mercado financeiro passar a acreditar que uma queda só voltará a ocorrer em agosto. A aposta é que o Banco Central (BC) encerrou seu ciclo de altas na taxa Selic, que está em 19,25%. Mas um corte, de 0,25 ponto porcentual, só virá em cinco meses. Na pesquisa divulgada na última semana, os participantes estavam mais otimistas e acreditavam numa redução dos juros já em junho.

A mudança foi provocada, principalmente, pelo fato de o Copom ter mantido o mesmo comunicado sobre a decisão de elevar os juros pelo quinto mês consecutivo. Na visão da maioria dos analistas, a manutenção do comunicado indicou um aumento da preocupação do Copom com os preços. Diante disso, as projeções de juros passaram a embutir uma expectativa de que a taxa ficará inalterada por um período mais longo que o esperado inicialmente.

Os números da pesquisa divulgada ontem revelaram, ao mesmo tempo, que as instituições financeiras também empurraram para a frente suas expectativas de aceleração no ritmo de queda dos juros. De acordo com o levantamento, a taxa só voltará ser cortada em 0,63 ponto porcentual em outubro. Na pesquisa divulgada na semana passada, os participantes da enquete do BC acreditavam numa aceleração em agosto, quando os juros poderiam cair 0,50 ponto. Nos últimos três meses do ano, a taxa seria reduzida, na visão dos participantes da pesquisa, em 0,50 ponto em outubro e terminaria o ano em 17,13%. A previsão da pesquisa divulgada na semana passada era de que a taxa terminaria 2005 em 17% ao ano.

O aumento do conservadorismo do mercado em relação ao comportamento da taxa de juros não impediu que as previsões de inflação para este ano subissem pela terceira semana consecutiva. Pelos números da pesquisa divulgada ontem, as estimativas de IPCA aumentaram de 5,77% para 5,80%. Com a alta, as estimativas de variação dos preços se distanciaram ainda mais dos 5,1% da meta fixada pelo Copom. Para 2006, as projeções de inflação ficaram inalteradas nos mesmos 5% da pesquisa anterior.