Título: IGP-10 surpreende e vai a 1,17% em abril
Autor: Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2005, Economia, p. B4

Índice é o mais alto em sete meses, quase

o dobro do apurado em março, de 0,67% A inflação medida pelo Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) atingiu em abril o nível mais alto em sete meses, subindo para 1,17%, quase o dobro do desempenho do mesmo indicador em março (0,67%). O resultado ficou acima das estimativas dos analistas do mercado financeiro - que esperavam entre 0,80% e 1,10% - e foi provocado pela escalada dos preços dos produtos agrícolas no atacado (de 2,67% para 3,26%), ainda prejudicados pela estiagem na Região Sul e pelo começo do período de entressafra de alguns produtos. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que divulgou ontem o índice, os preços dos produtos agrícolas no atacado tiveram em abril o maior nível de elevação desde dezembro de 2002, nesse tipo de indicador. O coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, preferiu não fazer relações entre o resultado do IGP-10 de abril, cujo período de coleta de preços foi de 11 de março a 10 de abril, e a decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) sobre a taxa básica de juros (Selic) que será anunciada hoje.

META

Quadros foi cauteloso quando questionado sobre o recente choque dos preços agrícolas no atacado e seu reflexo na inflação do varejo, e por conseqüência, na meta inflacionária, para os próximos meses. "(O choque dos agrícolas) não chega a preocupar do ponto de vista de uma política, de uma análise da inflação menos comprometida com uma meta. A questão da meta é que coloca um limite numérico em um determinado período de tempo. Realmente, pode ser que um choque como esse possa criar alguma dificuldade com a meta, mas não necessariamente para um processo inflacionário", afirmou.

"Se não houvesse essa restrição de chegar até o fim do ano em 7% eu estaria mais tranqüilo", afirmou, fazendo referência ao teto da meta inflacionária para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ao comentar o IGP-10 de abril, Quadros afirma que o choque dos produtos agrícolas fez com que o Índice de Preços por Atacado (IPA-10) subissem para 1,43% em abril, mais do que o dobro da taxa apurada nesse indicador em março (0,70%). Segundo o técnico, no atacado, produtos duramente afetados pelos problemas climáticos na Região Sul parecem ter atingido seu nível máximo de elevação de preços no IGP-10 de abril. É o caso de milho (13,67%) e da soja (12,77%).

No varejo, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-10) subiu para 0,75% em abril ante alta de 0,57% em março, por causa das elevações de preços nos grupos Habitação (de 0,39% para 0,58%) e Transportes (de 1,03% para 2,32%), ambos influenciados por reajustes em preços administrados. Já o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC-10) passou de 0,71% para 0,38%. O IGP-10 acumula altas de 2,60% no ano e de 11,07% em 12 meses.