Título: Brahma será lançada hoje como marca global
Autor: Carlos Franco
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2005, Economia - Negócios, p. B25

Cerveja será a terceira da InBev - holding formada com a fusão da belga Interbrew com a brasileira AmBev - com essa característica, depois da Stella Artois e da Beck's

A AmBev anuncia hoje o lançamento mundial da Brahma, a marca de cerveja criada no Brasil em 1888 pelo suíço Joseph Villiger, no Rio de Janeiro, na Manufactura de Cerveja Brahma Villiger & Companhia. O projeto faz parte do acordo de fusão da AmBev com a belga Interbrew, que criou a holding InBev. A nova empresa terá três marcas internacionais: Stella Artois, Beck's e Brahma. A Brahma já está presente em oito países da América Latina, incluindo o Brasil: Argentina, Venezuela, Paraguai, Equador, El Salvador, Nicarágua e Guatemala. Também é vendida em outros países, como a República Dominicana, onde a empresa fechou acordo com a engarrafadora Embodom. Mas, naquele país, a Brahma ganhou o nome de Brava, uma vez que Brahma lá é o mesmo que cio de animal. E foi essa presença no mercado da América Latina que facilitou o acordo pelo qual a Brahma passa a fazer parte do portfólio global da InBev.

A Skol, líder do mercado brasileiro, é uma marca global da dinamarquesa Carlsberg, que vendeu os direitos para a AmBev para uso apenas na América Latina. Já a Antarctica, a outra cerveja do portfólio, é marca que órgãos de propriedade intelectual da Europa e EUA não aceitam registro, por ser de domínio público, como ocorre com os nomes de continentes, países e cidades.

Com receita líquida de R$ 12 bilhões em 2004 - 38,3% superior a 2003 - e dona de uma fatia de 68,1% do mercado brasileiro de cerveja, a AmBev tem pressa na conquista da América.

Pelo acordo com a Interbrew, a empresa assumiu as operações da canadense Labatt, que também abastece o mercado dos Estados Unidos. Com a Brahma, a intenção é brigar, como no Brasil, com preço.

Os dados do balanço de 2004 - anunciados no começo do mês pelo presidente da InBev, John Brock -, explicam. Levando-se em conta apenas o último trimestre do ano, quando a Labatt passou integralmente ao comando da AmBev, essa cervejaria teve uma participação de 24% nos resultados e as participações e acordos na América Latina por outros 10%. Há, portanto, mercado para crescer nesta direção.

Mesmo antes da fusão com a Antarctica, em 1999, a Brahma já estava presente na Argentina e no Uruguai. Depois do acordo, ampliou essa presença e levou junto também o Guaraná Antarctica. Dentro dessa estratégia de ampliação da presença global, a AmBev chegou este ano ao Equador, com a compra da Cerveceria SurAmericana.

No comando das operações na América do Norte está o ex-presidente da AmBev Carlos Brito, que terá a missão de tornar a Brahma um produto conhecido nesse rico mercado, onde o domínio é da Budweiser - a cerveja que garante à Anheuser-Busch a liderança, em valor, do mercado global, embora a InBev seja a maior em volume de produção.

Em contrapartida, a Stella Artois, uma das cervejas mais apreciadas pelo consumidor europeu, está a caminho do Brasil. Desde dezembro, o produto tem sido testado no mercado argentino, onde a Quilmes, parceira da AmBev, é responsável pela distribuição.