Título: Cresce número de cidades no Estado com coleta e tratamento de esgoto
Autor: Herton Escobar
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2005, Vida - Ambiente, p. A14

O relatório apresentado ontem pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) sobre a avaliação da qualidade das águas dos rios do Estado de São Paulo mostra que o número de cidades com coleta e tratamento de esgoto aumentou em 2004. Mesmo assim, mais da metade (61%) ainda não tem esgoto tratado. Em 2003, eram 37% dos 645 municípios paulistas. No ano passado o tratamento foi ampliado para cerca de 700 mil habitantes, subindo para 39%. O diretor-presidente da Cetesb, Rubens Lara, explicou que a melhora é significativa, mas há muito o que fazer. "Temos ainda no esgoto doméstico a maior fonte de poluição das águas", disse. Segundo o gerente da empresa, Eduardo Mazzolenis, o índice representa o maior porcentual do Brasil. "As outras unidades não chegam a 30%."

As informações do Relatório de Qualidade das Águas Interiores 2004 são de 316 estações manuais de monitoramento e 14 automáticas, distribuídas em 149 municípios. Com cerca de 60 mil análises químicas, físicas e biológicas de águas e sedimentos, o documento foi estruturado nos usos dos recursos hídricos para o abastecimento público (IPA), proteção da vida aquática (IVA) e balneabilidade (IB). O IVA teve uma melhoria de 2%, mas demonstra, para Mazzolenis, apenas uma tendência de estabilidade de um ano para outro.

Uma pequena variação positiva também foi vista na qualidade das águas brutas (IPA), mas somente nas regiões de mananciais. Dos 316 pontos de captação da Cetesb, 61 apresentaram melhora de 17%. "A análise é expressiva porque os pontos, localizadas próximos a centros urbanos, equivalem a, aproximadamente, 20 milhões de habitantes, que é mais de 50% da população do Estado", disse.

Para Elaine Silva, ecóloga e coordenadora executiva da ONG Ecos do Vitória, os dados não representam uma diferença na estrutura da administração do esgoto e nem aos olhos da população. Os investimentos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro) totalizaram R$ 27,5 milhões nos últimos dois anos.