Título: Concurso no TJ de Sergipe teve todo tipo de denúncia
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/03/2005, Nacional, p. A12

BRASÍLIA-Sergipe protagonizou recentemente um dos mais turbulentos concursos públicos realizados no País. Feita em março do ano passado por cerca de 13 mil candidatos, a prova para a escolha de 503 técnicos e analistas judiciários do Tribunal de Justiça de Sergipe foi cercada de denúncias que envolviam desde a suposta clonagem de questões à aprovação recorde de parentes de juízes e políticos locais. Depois de muitos protestos, em especial da OAB, o concurso foi anulado, nova prova realizada e os selecionados tomaram posse no início do ano. Conforme notas divulgadas na época pela OAB, tinham sido aprovados no concurso anulado parentes de autoridades do Judiciário, do Legislativo e do Executivo. "Esse concurso foi uma vergonha, um escândalo, que precisa ser anulado para restabelecer a moralidade pública", disse na ocasião o presidente da OAB, Roberto Busato.

O secretário-geral da OAB, Raimundo Cezar Britto, comentou que as supostas irregularidades demonstravam a necessidade da criação imediata de um órgão de controle externo do Judiciário. "Quando o próprio Judiciário dá um exemplo contrário à credibilidade, é preciso que um órgão superior interfira e restaure essa característica."

O concurso foi revogado pelo TJ. Mas antes disso foi questionado na Justiça pela OAB. A entidade argumentou que a Fundação Escola Superior do Ministério Público do Estado de Alagoas foi contratada sem licitação para realizar o concurso. A OAB alegou ainda que foram clonadas questões de outros concursos e durante a prova candidatos falavam com desenvoltura ao celular, enquanto outros entravam e saíam das salas.