Título: Setor de máquinas ameaça demitir 2 mil
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2005, Economia, p. B4

Diretor da Abimaq alerta para efeitos na indústria da crise da agricultura BRASÍLIA - A indústria de máquinas agrícolas poderá demitir 2 mil pessoas, se os produtores rurais continuarem cortando investimentos como conseqüência do cenário negativo no setor. Foi o que afirmou ontem o diretor da Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Agmar Farias, em audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados. Farias comentou que a grande alavanca para a criação de empregos nas indústrias de máquinas e equipamentos agrícolas foi o Moderfrota, programa destinado à renovação da frota rural, criado no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. De acordo com estimativas da Abimaq, o número de empregos nas indústrias no período que antecedeu o Moderfrota chegava a 31 mil funcionários. Hoje, é de 40 mil.

O presidente da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Cristiano Walter Simon, rebateu, na audiência, as críticas dos produtores quanto aos preços dos defensivos agrícolas. Os agricultores argumentam que os preços dos insumos no Brasil são muito superiores aos praticados nos demais países do Mercosul e na Bolívia, país que vende lotes de forma ilegal para o Brasil.

De acordo com Simon, de 35% a 38% do preço final de venda dos defensivos agrícolas no Brasil são impostos. "A incidência da carga tributária para esse setor é muito grande", afirmou. Para baratear os custos de produção da agricultura, ele pediu aos deputados agilidade na aprovação de Projeto de Lei 4264/04, de autoria do deputado Julio Lopes (PP-RJ), que prevê isenção de alguns produtos na comercialização de insumos agrícolas. O texto deve ser apreciado pelos deputados da comissão na próxima semana.

Na audiência, o vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Carlos Sperotto, afirmou que o Rio Grande do Sul vai colher 3,3 milhões de toneladas de soja na safra 2004/05, ante estimativa inicial de produção de 8,3 milhões de tonelada. "A quebra é de 60% e os grãos que estão sendo colhidos são de qualidade inferior", afirmou. Também houve perdas nas safras gaúchas de arroz, feijão e milho.