Título: Taxa de desemprego sobe para 10,6%
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2005, Economia, p. B4

Segundo o IBGE, dispensa retardada de temporários no Rio afetou o indicador; sem isso, tendência seria de estabilidade

RIO - A taxa de desemprego apurada nas seis principais regiões metropolitanas do País subiu para 10,6% em fevereiro, ante 10,2% em janeiro. Apesar da alta, houve melhora na qualidade do mercado de trabalho, com reação mais forte do emprego formal e do rendimento dos trabalhadores. O número de trabalhadores com carteira assinada cresceu 5,9% em fevereiro ante igual mês do ano passado, a maior expansão da série histórica da pesquisa do IBGE, iniciada em março de 2003. O coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo Pereira, disse ser típico do segundo mês do ano o aumento da taxa e sublinhou que o desemprego permanece em patamares bem inferiores aos registrados no ano passado. Em fevereiro de 2004, a taxa havia atingido 12%. Além disso, explicou que a taxa teria ficado estável ante janeiro na média das seis regiões metropolitanas, caso não tivesse ocorrido o aumento da taxa no Rio de Janeiro (7,4% em janeiro para 8,4% em fevereiro), por causa da "dispensa retardada de temporários", normalmente registrada em janeiro, mas adiada para fevereiro este ano por causa do carnaval.

Os números do IBGE foram recebidos com otimismo também por analistas do mercado de trabalho. Para Marcelo de Ávila, do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), "está de fato ocorrendo um aumento qualitativo do mercado de trabalho", com crescimento do emprego formal.

Pereira sublinhou, como principal exemplo da melhora, o aumento no emprego formal, com reflexos positivos sobre o rendimento médio real nas seis regiões. O número de empregados com carteira aumentou em 438 mil pessoas nas seis regiões de fevereiro do ano passado para igual mês deste ano.

O saldo de novos empregos informais foi bem menor, de 34 mil pessoas. Isso porque, apesar do crescimento de 5,7% no número de trabalhadores sem carteira assinada ante fevereiro de 2004 (aumento equivalente a 164 mil pessoas), houve queda de 3,3% no número de trabalhadores por conta própria (como camelôs) nessa base de comparação (ou menos 130 mil pessoas). Como o IBGE considera o emprego informal a reunião dos sem carteira e dos conta própria, o saldo foi de 34 mil no período.

RENDA

Segundo Pereira, a melhoria da qualidade dos empregos gerados acaba elevando para cima o rendimento dos trabalhadores. Em fevereiro, a renda cresceu 1,0% ante janeiro e 2,6% ante igual mês de 2004. "O crescimento do rendimento aumenta o poder de compra do trabalhador. O mercado de trabalho nas seis regiões tem, a passos moderados, apresentado evolução interessante, com melhora na qualidade do emprego que se reverte no aumento do poder de compra do trabalhador."

Ele disse ter expectativa de que "o ponto de inflexão" da taxa de desemprego este ano ocorra mais cedo do que no ano passado, ou seja, que a queda na taxa seja divulgada antes de maio, mês em que o indicador começou a cair em 2004. Segundo Pereira, é possível adiantar que, já em março, a taxa de desemprego poderá ficar estável ou menor em relação ao mês de fevereiro..