Título: TJLP fica onde está, apesar da alta da taxa básica de juro
Autor: Sheila D'Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2005, Economia, p. B4

BRASÍLIA - A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) permaneceu inalterada, apesar da polêmica criada entre o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, que sugeriu que ela acompanhasse a alta dos juros básicos da economia e o presidente do BNDES, Guido Mantega, que defendeu a redução da taxa para estimular investimentos. Ontem, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu mantê-la inalterada em 9,75%. A TJLP remunera os empréstimos concedidos pelo BNDES, principalmente para investimentos de grandes empresas. A TJLP permanecerá nos atuais 9,75% ao ano até o final de junho, quando o Conselho definirá novamente sua nova trajetória. Há 15 meses, a taxa não tem nenhuma alteração, apesar de a Selic estar subindo desde setembro de 2004.

A justificativa de Levy é que, se o Banco Central vem demonstrando preocupação com as projeções de inflação a ponto de aumentar por sete meses consecutivos a Selic, a TJLP, que é formada com base nas expectativas de inflação e no risco Brasil, também deveria estar em alta. Mantega argumenta que, por se tratar de uma taxa de longo prazo, a TJLP não deve ser influenciada por oscilações no curto prazo.

O Conselho Monetário se valeu das duas argumentações para tomar sua decisão. Segundo o diretor de Normas do BC, Sérgio Darcy, o Conselho avaliou que "não houve algo no período que levasse o CMN a propor qualquer alteração". Para ele, também é preciso levar em conta que a TJLP "é uma taxa de longo prazo que vale para um período curto". Finalmente, no entendimento dos participantes do Conselho, o governo "não é obrigado a seguir matematicamente os parâmetros" de risco Brasil e de expectativa de inflação.