Título: Europa elogia decisão brasileira
Autor: Reali Júnio
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/03/2005, Economia, p. B3

A suspensão do acordo do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI) foi bem recebida pelos meios financeiros europeus, que justificam a decisão adotada pelo atual governo pelos resultados obtidos com a política de continuidade e rigor econômico do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do atual, Luiz Inácio da Silva. A atual administração, tida como melhor aluna do Fundo, é também creditada por ter alcançado o mais significativo índice de crescimento econômico dos últimos dez anos - 5,2% do PIB. Isso contribui para aumentar a credibilidade do País junto às empresas, inclusive estrangeiras, cujo investimento no setor privado cresceu 11%, segundo o caderno econômico do jornal Le Figaro, comentando na primeira página a decisão do governo Lula.

O vespertino Le Monde citou uma frase de Lula: "Nós faremos a demonstração de que podemos seguir nossa própria orientação". Para o jornal de referência francês, o FMI apóia integralmente a decisão das autoridades brasileiras, segundo seu diretor, Rodrigo Rato. Por dois anos e três meses, disse o ministro da Economia, Antonio Palocci, "efetuamos o ajustamento necessário para aumentar a poupança e a capacidade de honrar compromissos externos e internos". O jornal destacou o apoio da oposição à decisão do governo, citando uma declaração de FHC: "O mérito de Palocci foi o de não frustrar a expectativa e recuperar a confiança".

De forma mais discreta, o Liberation abordou a decisão do governo Lula lembrando que a não-renovação do acordo com o FMI "não significa maior flexibilidade da política fiscal e monetária". Alguns setores advertiram que a economia do País continua frágil a um choque externo, temendo que uma regressão econômica no plano internacional repercuta negativamente no plano interno, onde a economia é mantida com mão-de-ferro, com a mais alta taxa de juros do planeta, 19,25%.