Título: Energia acaba e 2 mil pessoas deixam Centro Cultural SP
Autor: Bruno Paes Manso
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/03/2005, Cidades, p. C1

Um dos ícones da cultura na cidade, o Centro Cultural São Paulo (CCSP), perto da Estação Vergueiro do metrô, viveu ontem uma tarde de trevas. O prédio foi um dos imóveis municipais afetados pela queda-de-braço entre a Prefeitura e a Eletropaulo. Cerca de 2 mil pessoas que utilizavam as instalações do CCSP por volta das 17 horas ficaram na rua após a visita dos funcionários da companhia de eletricidade. Segundo um designer gráfico da instituição, que não quis se identificar, eles chegaram e pediram a funcionários que tirassem todas as pessoas do local porque a energia seria cortada. "Sem dar explicação nenhuma eles pediram aos empregados para encerrar todas as atividades. Aliás, era um dia com espetáculos de teatro, dança e música, além das atividades normais, como aulas de arte, além da biblioteca e da lanchonete, que sempre ficam lotadas." Durante horas dezenas de pessoas esperaram a volta da luz achando que se tratava de um problema técnico. "Eu tinha aula de arte com modelo vivo, pensei que estariam consertando o problema, mas já estou aqui há uma hora e ainda estou pintando às escuras", disse a pintora alemã Ina Hergert. "Espero que não demore muitos dias, não quero perder minhas aulas, não conheço outro lugar onde seja tão legal e de graça."

Freqüentadores assíduos afirmaram que nunca viram nada parecido no CCSP. "Venho aqui quase todas as tardes há pelo menos seis anos para jogar xadrez e isso nunca aconteceu", disse o professor de idiomas Edélcio Rodríguez. Ele disse que a princípio achou que se tratava de uma bomba. "O encarregado das peças de xadrez pediu para nós devolvermos tudo e abandonarmos as instalações, só que não falou mais nada. Foi depois de meia hora que um funcionário contou o problema com a companhia elétrica."

"Não sei como vou explicar às crianças o que aconteceu", disse o monitor que se identificou apenas como Evanildo, da entidade Guevara Home, do Jardim Pantanal, que passou o dia no CCSP para mostrar as atrações de um centro cultural. "Elas vêm da periferia, onde têm problemas com o fornecimento da energia, achando que na cidade essas coisas não acontecem."