Título: Confusão ainda é efeito da eleição passada
Autor: Eugênia Lopes João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/03/2005, Espaço Aberto, p. A2

A confusão política formada dentro do Congresso por conta da votação da Medida Provisória 232 ainda é efeito colateral das eleições municipais do ano passado. Depois de perder as eleições em São Paulo e Porto Alegre, onde detinha as prefeituras, o comando do PT avaliou que um dos motivos centrais dessa derrota foi a perda do voto da classe média. O partido cobrou, então, do governo federal a criação de um pacote de medidas que beneficiassem justamente esse setor da população. Nesse clima ainda emotivo por causa dessas duas derrotas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concordou com essa avaliação. Assim, determinou ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que cuidasse do assunto e sugeriu que, entre as medidas para a classe média, fosse incluída a correção da tabela do Imposto de Renda das pessoas físicas. O ministro da Fazenda concordou, mas negociou dentro do governo para que outras medidas, com poder arrecadatório, pudessem ser incluídas ao lado do reajuste do Imposto de Renda, como forma de compensação para as perdas que viriam com a atualização da tabela. Assim, a medida que tinha sido feita para atender à classe média acabou sendo recheada de normas que estabeleciam cobranças sobre setores como agricultura e prestadores de serviços. A medida se tornou impopular e pôs o governo em má situação.