Título: Temas que criam atrito entre EUA e Brasil
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2005, Nacional, p. A4

Secretária de 'alto risco' terá segurança de chefe de Estado Além das discordâncias regionais, Alca e reforma do Conselho de Segurança da ONU preocupam secretária de Estado dos EUA

Os EUA esperam que o Brasil seja menos condescendente com iniciativas autoritárias de Hugo Chávez e sua influência na desestabilização da democracia na vizinhança. DEFESA - O governo americano gostaria que o Brasil não vendesse equipamentos militares para a Venezuela e quer uma participação brasileira mais efetiva na luta do governo colombiano contra a guerrilha. ÁRABES - Os EUA se preocupam com o aspecto político da reunião de cúpula América do Sul-Mundo Árabe e sua possível transformação contra Israel e a política americana para o Oriente Médio. IMIGRAÇÃO - O Brasil pediu, em 2004, a isenção de visto para os brasileiros ingressarem nos EUA. Provocou risos do lado americano. O tema tornou-se mais sério porque aumentou o número de brasileiros que tentam entrar ilegalmente nos EUA. OEA - O Brasil apóia o ministro do Interior do Chile, José Miguel Insulza, e tem pretensões de ver seu candidato, o ex-ministro do Planejamento João Sayad, na presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Os EUA querem o ex-chanceler do México Luís Ernesto Derbez na OEA. ALCA - O presidente Lula gabou-se na semana passada de ter retirado as negociações da Alca da agenda comercial brasileira, justamente quando o governo americano anunciava seu objetivo de retomar o projeto. O Departamento de Estado engrossou sua influência na esfera do comércio ao nomear Robert Zoellick, ex-Representante dos EUA para o Comércio, para o segundo posto. OMC - Os EUA apóiam o candidato da União Européia para a direção-geral da OMC, Pascal Lamy, fato que reforça a suspeita de um possível acordo entre os dois lados sobre questões agrícolas na Rodada Doha de liberalização. O Brasil, depois de ver derrotada a sua candidatura própria, tem boas razões para não apoiar nenhum dos três concorrentes e, portanto, caiu em uma sinuca de bico. CONSELHO DE SEGURANÇA - O Brasil não deve esperar apoio dos EUA à sua ambição de conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Os EUA preferem discutir a reforma mais ampla da ONU a mexer na atual fórmula de Segurança. HAITI - Os Estados Unidos aprovam a iniciativa brasileira de conduzir a missão de estabilização. Mas os EUA ainda não ajudaram a reconstruir o país. NORTE-SUL

BLINDADA: Um forte aparato de segurança de chefe de Estado cercará a visita de Condoleezza Rice a Brasília. A secretária já informou ao governo brasileiro que está trazendo para sua proteção cerca de 20 seguranças. A eles, se juntarão mais 40 agentes da Polícia Federal, que acompanharão a secretária do momento de sua chegada até a hora de ela deixar o território brasileiro. "Ela foi classificada de alto risco e vai receber tratamento idêntico ao que se concede a chefe de Estado", disse o delegado Daniel Sampaio, superintendente da Polícia Federal em Brasília. A secretária utilizará um carro blindado e será acompanhada por um comboio de quatro carros e cinco batedores. Haverá, ainda, policiais em pontos estratégicos e proteção de soldados da Polícia Militar.