Título: 'Guti' estudou no Rio e era excelente aluno
Autor: Lourival Sant Anna
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2005, Internacional, p. A11
Chamado de Guti pelos colegas mais próximos, o segundo-tenente do Exército equatoriano Lucio Gutiérrez só tinha um ponto fraco no curso da Escola de Educação Física do Exército: o futebol. Excelente em natação, esgrima e ginástica olímpica, quando se arriscava no mais popular esporte brasileiro, era apenas razoável. Nada que o impedisse de ser o primeiro colocado entre 48 alunos da turma de 1979, como lembra o colega José Ronaldo Campos, capitão da Polícia Militar, de 50 anos, hoje comandante da Guarda Municipal de Uberaba (MG). Campos e Gutiérrez eram amigos. Moravam na sede da escola, na Urca, zona sul do Rio, e formaram-se em fevereiro de 1980. Nas horas de folga, iam à praia e passeavam em Copacabana. "Ele era muito dedicado, um líder na classe. Era tido como um exemplo para nós. Estudava muito, tentava aprender português, era autodidata. E adorou o Brasil", lembra o policial mineiro. Gutiérrez, de acordo com o capitão, foi indicado pelo Exército equatoriano e integrava um grupo de outros oficiais sul-americanos.
Segundo Campos, aos 22 anos Gutiérrez não falava em política ou em militância partidária. "Ele cativava as pessoas pela liderança e inteligência. Ficamos muito próximos e nos falamos algumas vezes depois do curso, mas acabamos perdendo contato", diz Campos, que espera as coisas se acertarem para procurar o amigo da juventude. Para ele, Gutiérrez foi injustiçado. "Ele é correto. É difícil fazer cumprir a lei", lamenta Campos, que guarda até hoje fotos da turma.