Título: Para Bird, despesa social é investimento
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2005, Economia, p. B3

Diretor do banco defende que gasto dessa natureza tenha tratamento difereciado

O diretor do Banco Mundial (Bird) para o Brasil, Vinod Thomas, e o secretário adjunto do Tesouro, Tarcísio Godoy, declararam ontem a representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) apoiar que os gastos brasileiros em educação, saúde e combate à pobreza sejam tratados como investimento. Essas despesas entram na vala comum do gasto público corrente e são considerados fatores de redução da poupança pública e dos investimentos. "A inclusão social no Brasil com certeza contribuiria para o crescimento", disse Thomas, lembrando que os atuais índices de pobreza excluem milhões de pessoas do mercado consumidor e produtor. O diretor do Bird explicou que, em estudo sobre os componentes do crescimento feito pela sua instituição, a educação aparece com destaque como fator de indução de um melhor desempenho econômico. "O Brasil tem uma parte considerável dos seus gastos em saúde e educação." Na mesma linha, para Godoy, alguns gastos sociais do governo poderiam ser contabilizados como investimento e não despesas correntes, pela sua qualidade diferenciada.

Isoladamente, os investimentos do governo federal caíram de 0,85% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2001 para 0,52% em 2004, enquanto as transferências para programas de renda mínima cresceram de 0,05% para 0,32% no mesmo período. Somando-se os dois tipos de gasto, passa-se de 0,90% do PIB para 0,84%.

O grande problema, constatam os especialistas, é o crescente peso da Previdência Social e da Assistência Social sobre as contas públicas, que saltaram de 6,15% do PIB em 2000 para 7,53% em 2004. "Não há dúvida de que, no Brasil, uma parte do ajuste fiscal se fez às custas dos investimentos, mas de outra parte também há um aumento significativo das despesas correntes", afirma a diretora do Departamento Fiscal do FMI, Teresa Ter-Minassian.