Título: Bush quer mais petróleo saudita
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2005, Economia, p. B4

Presidente dos Estados Unidos pede a príncipe herdeiro que país aumente produção para que os preços caiam Entre beijos, abraços e passeio de mãos dadas, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pediu ao príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Abdala bin Abdul Azi, que o país produza mais petróleo para que os preços caiam. O encontro dos dois líderes no rancho de Bush no Texas já está dando frutos, pois ontem as cotações recuaram. Antes de a comitiva saudita chegar, Bush disse a jornalistas: "O alto preço do petróleo prejudicará os mercados e o príncipe sabe disso. Espero falar com ele sobre isso, assim como da capacidade de produção de seu país. É um assunto importante". Segundo o presidente, Abdala, que ocupa a regência do trono por causa da doença do rei Fahd, "compreende que é muito importante que o preço do petróleo seja razoável".

Bush tem alegado à Arábia Saudita, maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que um preço muito alto, ao desestimular o crescimento, pode causar uma queda generalizada da demanda e, conseqüentemente, das cotações.

Na semana passada, o ministro de Petróleo da Arábia Saudita, Ali Naimi, apresentou um plano que pode aumentar a capacidade de produção em mais 9,5 milhões de barris por dia, levando-a para 15 milhões de barris diárias até 2009.

Ontem, um assessor de Bush para a segurança nacional, Steve Hadley, elogiou o projeto. "Quando se aumenta a produção de forma significativa, que eles estão dizendo que vão fazer, só pode haver um efeito de baixa nos preços, isso é algo muito positivo."

Mas um assessor saudita para questões externas, Adel Al-Jubeir, alertou que o país pode fazer muito pouco em relação às cotações de petróleo. "Não há uma escassez de petróleo no mundo, o que há é uma escassez de capacidade de refino e de infra-estrutura", argumentou. "A questão não é só de produção, mas também de refino e distribuição". Jubeir disse que o príncipe e o presidente tiveram "boas trocas de idéias" sobre a capacidade de refino dos EUA. Bush e Abdala também analisaram a situação do Oriente Médio e a luta contra o terrorismo.

Segundo Jubeir, a Arábia Saudita vai entrar na Organização Mundial do Comércio (OMC) "muito em breve", faltando só alguns detalhes técnicos. Ele ainda informou que seu país e os EUA "estão bem próximos mesmo de chegar a acordos comerciais bilaterais".

Os mercados gostaram do que viram. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), os contratos para junho fecharam em US$ 54,57 o barril, queda de 1,48%. Na Bolsa Internacional de Petróleo (IPE), em Londres, os contratos de petróleo Brent para junho fecharam o pregão cotados a US$ 54,40, recuo de 1%. "Acho que caímos porque os preços atuais não são sustentados por fundamentos", disse o corretor Mike Fitzpatrick, da Fimat.