Título: Governo quer compensar exportador
Autor: Clarissa Oliveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2005, Economia, p. B6

Furlan diz que estão em estudo medidas, especialmente nas áreas de transporte e logística, para aliviar o impacto da valorização do real O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse ontem que o governo estuda uma série de medidas para compensar o impacto da alta do real frente ao dólar sobre determinados setores produtivos. Reconhecendo as dificuldades enfrentadas por exportadores, Furlan afirmou que estão sendo conduzidas iniciativas em áreas como transportes e logística para aliviar a situação. O ministro citou como exemplo a indústria automobilística, ao lembrar que várias empresas enfrentam dificuldade de repassar custos gerados com as variações cambiais.

"Isso faz com que tenham perda de rentabilidade, que poderia ser compensada com a simplificação do trânsito aduaneiro e a melhora da questão logística", afirmou o ministro, durante o evento Abinee TEC. "Já estamos trabalhando na agenda de portos e aeroportos, mas não há como deixar de reconhecer que a adoção do câmbio flutuante implica em situações de uma certa volatilidade."

DIÁLOGO

Segundo o ministro Furlan, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior conversa com setores que se encontram nessa situação para compreender melhor as dificuldades enfrentadas por cada um deles. Entre os exemplos de medidas que já estão sendo conduzidas pelo governo, está a criação de um centro de distribuição de produtos brasileiros na costa leste dos Estados Unidos, explicou Furlan. "Isso favorecerá setores que têm hoje muitas etapas de intermediação, como é o caso do de calçados."

O centro de distribuição deve ser inaugurado nos próximos dias no Estado americano da Flórida. A estrutura servirá como base para empresas que queiram atender a pedidos no exterior com pronta entrega e incluirá um espaço para a exposição e demonstração de produtos.

O ministro também defendeu ontem a idéia de oferecer uma isenção de impostos para novos investimentos. De acordo com Furlan, a forte carga tributária tem servido como barreira para atrair companhias interessadas no mercado nacional. "Empresários têm dito que muitas vezes um projeto novo tem um encarecimento de 12% a 20%. São impostos que acabam onerando o investimento", afirmou o ministro. "Isso tira o ânimo e nos dá menos competitividade em relação a outros países, que já desoneram completamente o investimento."

De acordo com Furlan, a idéia de desonerar total ou parcialmente os investimentos brasileiros e estrangeiros em novos projetos vem sendo proposta há algum tempo pelo setor produtivo e já está sendo analisada pelo governo federal.