Título: Existem regras para o mercado religioso
Autor: Ana Paula Lacerda
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2005, Economia, p. B18

RESTRIÇÕES: Segundo a tradição da igreja católica, nem toda pessoa, mesmo que ocupe altos cargos no Vaticano, pode figurar em imagens e medalhas. "Nem João Paulo II, nem Bento XVI, nem a madre Teresa de Calcutá podem ter seu rosto nestes itens, por mais que tenham admiradores," diz o padre Roque Patussi, pároco dos fiéis latino-americanos em São Paulo. "Isso porque somente os intercessores de Deus podem trazer esta proteção, ou seja, os santos. " De outro lado, não existe restrição para fotos, pôsteres ou santinhos de papel. "Isso qualquer um pode ter. Cada uma das igrejas pode fazer um pôster do novo papa para colocar em sua sacristia, e também pedir por ele em suas orações."

A supervisora de compras da Paulus, Maria Inês de Souza, diz que já viu empresas produzirem medalhas de qualquer religioso conhecido. "Não acho isso certo. Prefiro pensar que se a empresa fez isso, é porque ainda está começando os negócios ou tem dívidas a pagar e precisou do dinheiro." Ela diz que procura negociar apenas com empresas que seguem as regras da Igreja Católica.

Para o padre Roque, por mais que o motivo que levou ao aquecimento do mercado de produtos religiosos seja triste - a morte de João Paulo II -, a busca por elementos religiosos sempre é benéfica. "Pode ser que a pessoa tenha comprado um livro e só vá ler depois. Mas quando ela ler, vai fazer bem," exemplifica. "Se ela comprou uma medalha, aquilo é uma bênção para ela ou para outra pessoa que ela presenteie." Ele diz que a Igreja vê com bons olhos esse comércio. "Não a venda pela venda, mas o que isso significa para as pessoas. Pode ter sido muito bom para os empresários, mas é muito mais para quem recebe."