Título: CET fecha o foco em 4 opções para mudar rodízio
Autor: Silvia Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2005, Metrópole, p. C1

Prefeitura só prevê divulgar estudos em junho; presidente de companhia garante que ouvirá sugestões de entidades e vereadores A Prefeitura admitiu ontem que há 4 alternativas preferenciais entre as 16 estudadas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para mudar o rodízio de veículos: ampliação da área da restrição; do horário; do número de placas cuja circulação é proibida por dia; e um rodízio concentrado em corredores, com a liberação do trânsito nas vias laterais. Essas mudanças podem ser adotadas isoladamente ou combinadas. A informação foi dada pelo presidente da CET, Roberto Scaringella, durante debate na Câmara. Scaringella negou-se a dar detalhes das alterações. "Há um estudo técnico em curso que será divulgado quando estiver maduro", disse. "Provavelmente, até o fim de junho." Ele informou que os técnicos estão fazendo uma avaliação dos oito anos de vigência do rodízio "em busca de soluções para a distribuição mais inteligente do trânsito (na malha viária)". Mas prometeu que não haverá medidas radicais. "A cobrança de pedágio urbano, por exemplo, não está em estudo nem sendo cogitada pela atual administração."

Hoje o rodízio vale no período de 7 às 10 horas e de 17 às 20 horas. Ele atinge, a cada dia, veículos com dois finais de placa. A restrição se limita ao Minianel Viário (veja ilustração ao lado).

No debate, promovido pela Comissão de Política Urbana da Câmara, Scaringella foi cobrado da necessidade de não entregar um projeto fechado. Ele informou que a Prefeitura está fazendo uma pesquisa com a população. "A partir de uma proposta inicial, estamos com as portas abertas para receber sugestões e críticas de associações de moradores, de entidades de classe e da Câmara."

Sobre os estudos para garantir a melhor distribuição do trânsito nas ruas, o presidente da CET disse que eles darão destaque ao monitoramento eletrônico, não só para garantir fluidez, como a segurança de motoristas e pedestres. "Todos os anos morrem 1.300 pessoas vítimas de acidente de trânsito, que ocorrem a uma média de 500 por dia."

Para Scaringella esses números são altos porque no trânsito da cidade existem condutores, carros e vias públicas de alto risco. "São motoristas com habilitação deficiente, veículos sem manutenção que obrigam a CET a rebocar todos os dias 800 deles quebrados e até com falta de combustível, e vias inseguras, com erros e falhas de engenheiros e de projetos." E citou um exemplo: "Na Avenida Giovanni Gronchi, ao lado do Palácio dos Bandeirantes, existem enormes elementos de proteção (defensas) e desníveis do piso.que colocam em risco a segurança dos motoristas."

"O presidente da CET não deixou claro se a mudança será mesmo debatida", disse o vereador Francisco Macena (PT), presidente da comissão. "Não acredito que dará certo colocar rodízio só nos corredores, liberando as vias laterais, porque elas não terão capacidade para absorver o trânsito."

Outra participante do debate, Cristina Antunes, da Sociedade Amigos do Jardim Petrópolis, é da mesma opinião. "O Scaringella está com uma visão superada. Essa pesquisa de que ele falou vai ouvir apenas 600 pessoas, o que não reflete cientificamente a opinião da população", disse. "Reduzir o número de carros nos corredores só servirá para que o trânsito deteriore ruas residenciais em áreas preservadas."

Até a diretora ambiental da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), Regina Monteiro, criticou a proposta de limitar o rodízio aos corredores. "Os moradores estão atônitos com essa idéia, pois vão ter de disputar espaço com veículos em ruas estreitas."