Título: Menos energia vai ser leiloada
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2005, Economia, p. B8

O Ministério de Minas e Energia editou, às vésperas do feriado de Semana Santa, na quinta-feira, uma portaria reduzindo o volume de eletricidade a ser comprado pelas distribuidoras no leilão que será realizado sábado. Com isso, a demanda de energia será diminuída em 720 megawatts (MW) - quantidade não contratada no primeiro leilão de energia existente e que antes poderia ser incorporada na compra desta semana para entregas a partir de 2008 e 2009. A decisão não agradou aos empresários do setor. Na opinião do presidente da Câmara Brasileira dos Investidores de Energia Elétrica (CBIEE), Cláudio Salles, o que o governo fez pode ser interpretado como uma reserva de mercado. Para ele, a demanda reduzida no leilão agora será atendida pela energia de Angra dos Reis. Salles baseia-se nas palavras do secretário de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim, sobre as soluções para a usina nuclear.

"O governo quer vender a energia de Angra da mesma forma como ocorre hoje com a de Itaipu", afirma Salles. Se isso se confirmar, o custo dessa eletricidade, em torno de R$ 90 o MWh, será rateado entre várias distribuidoras. Nesse processo, o consumidor como distribuidor saem perdendo - o usuário pagará mais caro e as empresas não terão segurança para suprir seu mercado.

O presidente da CBIEE lembra que a medida foi tomada nove dias antes do segundo leilão de energia velha, que foi adiado também na semana passada. O cronograma inicial previa que o evento fosse realizado hoje, mas para não pressionar as ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, foi transferido para sábado, justificou a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

MEGAESTRUTURA

Como no primeiro leilão, ocorrido em dezembro, o evento de sábado será realizado no Hotel Gran Meliá World Trade Center, em São Paulo, e contará com uma megaestrutura. A estimativa é de que as despesas com o desenvolvimento do sistema, com a infra-estrutura e com a logística fiquem na casa dos R$ 2,48 milhões.

Cada empresa habilitada terá uma sala de trabalho isolada e preparada especialmente para o leilão. Equipamentos como telefones celulares, computadores, pagers ou objetos metálicos de toda natureza não serão permitidos no local. Nas salas de trabalho haverá todo o material necessário para a transação, desde equipamentos de informática e material de escritório até alimentação, porque quem entrar no local não poderá sair enquanto o leilão não for concluído. Se sair, não poderá retornar. Na entrada, haverá detectores de metais.