Título: 'Não gostei das insinuações¿, diz Mantega ao prefeito
Autor: Bruno Paes Manso
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2005, Nacional, p. A9

O prefeito de São Paulo, José Serra, ligou para o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, após a divulgação da notícia de que a instituição pretendia interpelá-lo judicialmente por insinuações de que o banco estaria por trás do corte de energia em prédios da Prefeitura de São Paulo. "Oi Serra. Tudo bem nada. Não gostei das insinuações que você fez", disse Mantega no início da conversa. O diálogo durou das 15h57 às 16h07.

"Fiquei satisfeito porque ele (Serra) disse que não imputou ao BNDES a responsabilidade (pelo corte de energia)", afirmou Mantega ao Estado logo depois. De acordo com ele, o banco não influiu para a Eletropaulo cortar a energia da Prefeitura. "O BNDES não tem qualquer poder de decisão sobre isso", disse, garantindo que a instituição sequer foi informada dela pela empresa.

Depois do telefonema, o presidente do BNDES parecia propenso a desistir da medida contra Serra, mas não estava ainda convencido. "Vou conversar com a assessoria jurídica", disse. Ele afirmou que interpelaria "pelo menos esse secretário" de Finanças de São Paulo, Mauro Ricardo Costa, por declarações sobre o assunto.

Mantega rebateu afirmações do prefeito de que o BNDES teria socorrido a Eletropaulo, "quebrada", com dinheiro público em 2004. Ele observou que o financiamento do BNDES à AES, controladora da Eletropaulo, foi concedido na privatização da distribuidora, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, de quem Serra foi ministro. "No nosso, a AES não tinha dinheiro para devolver. Então transformamos a dívida em participação acionária", afirmou. Mantega negou que o presidente Lula tenha orientado o BNDES a dar um tratamento duro à Prefeitura e ao Governo do Estado de São Paulo.