Título: João Paulo põe Jucá sob suspeita e irrita PMDB
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2005, Nacional, p. A5

BRASÍLIA-O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) provocou um grande mal-estar ontem com o novo aliado preferencial do Palácio do Planalto, o PMDB, ao afirmar que "a condução de um ministério como o da Previdência é incompatível com alguém sob suspeita". A dura crítica ao novo ministro Romero Jucá provocou a reação imediata do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que cobrou explicações do líder do PT, senador Aloizio Mercadante.

João Paulo foi adiante e disse que Jucá "precisa esclarecer melhor" as denúncias que estão sendo publicadas contra ele. "E (esclarecer) também aquilo que ainda está por ser publicado", completou o deputado, em conversa com jornalistas. Foi o suficiente para que Renan mostrasse forte irritação: "Não vamos aceitar fogo amigo contra o PMDB", afirmou logo após a conversa com Mercadante.

As declarações de João Paulo chegaram rapidamente ao gabinete de Renan, que foi perguntar ao líder petista o que estava acontecendo. Na conversa com Renan, Mercadante, surpreso, disse desconhecer os motivos pelos quais João Paulo Cunha tinha feito críticas tão ácidas à presença de Jucá na Previdência.

Além de cobrar as explicações do novo ministro, João Paulo ainda afirmou que os que estão seguros do acerto da indicação de Jucá para o cargo têm de ajudar na defesa dele. Os peemedebistas entenderam esse trecho da fala como um recado direto ao PMDB. E concluíram que as declarações do ex-presidente da Câmara só contribuíram para aumentar a pressão política pela demissão de Romero Jucá do Ministério da Previdência, poucos dias após assumir o cargo.

Desde a semana passada, Jucá está sob intenso bombardeio político por conta de seu suposto envolvimento em irregularidades como a suspeita de participar do esquema de cobrança de propinas em Roraima e na aquisição de um empréstimo junto ao Basa, que não foi pago e deu como garantia fazendas inexistentes. Na terça-feira, Jucá reconheceu o desgaste político que vem sofrendo, mas disse que não pretende pedir demissão.