Título: Servidor da Saúde faz greve e Maia é intimado a pagar atrasados
Autor: Karine Rodrigues, Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2005, Nacional, p. A8

Após passar o dia em busca do prefeito do Rio, Cesar Maia, um oficial de Justiça conseguiu notificá-lo sobre a decisão que determinou pagamento, em 24 horas, dos vencimentos integrais de 1.184 servidores lotados em quatro dos seis hospitais sob intervenção federal. Assim, os funcionários dos hospitais da Lagoa, de Ipanema, do Andaraí e Cardoso Fontes devem receber ainda hoje as gratificações por produtividade e chefia, adicional noturno e insalubridade - há casos em que o valor em atraso é mais de 50% do salário. Indignada com a medida, que não afetou os trabalhadores dos hospitais do município sob intervenção - Miguel Couto e Souza Aguiar -, uma parte dos servidores atingidos entrou em greve. Na unidade de Ipanema, por exemplo, as cirurgias eletivas (sem urgência) foram suspensas. Apenas os casos de urgência e operações de pacientes com câncer foram atendidos. No Cardoso Fontes, a paralisação interferiu no atendimento ambulatorial, já que nenhuma consulta foi marcada.

PEDIDO DE PRISÃO

"Mais uma vez, é a população do Rio que está sofrendo. Quando pensávamos que a situação estava melhorando, acontece algo assim. O problema só não é maior porque há servidores federais trabalhando nas duas unidades em greve, mas eles estão sobrecarregados", informou o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, Jorge Darze, que anteontem entrou na Justiça pedindo a prisão do prefeito por crime de desobediência à ordem judicial que determinou o pagamento das gratificações.

Expedida pelo juiz Silvio Wanderley, da 11.ª Vara Federal, a decisão prevê uma multa de R$ 15 mil para Cesar Maia e para o secretário municipal de Saúde, Ronaldo Cezar Coelho - pessoas físicas -, caso o pagamento não seja realizado dentro do prazo previsto.

Por descumprir determinação anterior, o prefeito foi multado anteontem em 30% do valor devido - o total não foi divulgado pelo Ministério da Saúde.

Segundo ele, as gratificações não foram repassadas na data correta por falta de dados para calcular a folha de pagamento, que teriam sido enviadas com atraso pelo governo federal. Este, porém, nega que isso tenha acontecido.