Título: Uma rainha e seu príncipe encantado
Autor: Jocelyn Gecker
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2005, Internacional, p. A15

O romance cativou o mundo - uma rainha do cinema americano, um príncipe europeu e sua vida encantada num palácio com vista para o Mediterrâneo. A mística em torno do príncipe Rainier III e Grace Kelly permanece duas décadas após a morte dela, em parte porque o monarca nunca se casou novamente e encheu seu pequeno principado com inúmeros memoriais da mulher que amava. "A princesa Grace ainda está aqui. Não consigo explicar, mas ela era mágica, cheia de carinho, generosidade e humanidade", afirma Nathalie Ponsenard, que dá aulas em um jardim da infância proóximo ao palácio real.

Em Mônaco, as pessoas velhas o suficiente para terem memórias lembram com carinho quando a princesa Grace levava os filhos para andar de bicicleta perto do mar ou acenava e dava bom-dia aos que a cumprimentavam.

Apesar de nunca ter voltado a atuar como atriz após seu casamento com Rainier, em 1965, ela usou sua elegância e charme no papel de princesa. E o mundo percebeu. "O dia em que o príncipe Rainier se casou com a princesa Grace - uma das mulheres mais famosas e belas do mundo - foi o dia em que Mônaco nasceu para o cenário internacional", diz Vincent Weylan, editor-chefe da seção de realeza da revista Vue.

Muitos em Mônaco falam de 1982, ano do acidente de carro e da morte de Grace Kelly, como uma época de tristeza nacional. O fato de Rainier ter continuado sozinho durante todos estes anos, até sua morte, ontem, é visto por alguns de seus súditos como uma prova de amor. Analistas concordam. "Ele nunca superou completamente a morte de Grace. Foi uma perda irreparável. Teria sido muito difícil substituí-la.", explicou Philippe Delorme, biógrafo francês de Rainier.

No aniversário de 20 anos da morte de Grace, em 2002, o palácio real publicou um livro em homenagem à princesa com fotos do casal. O próprio Rainier escreveu o prefácio. "Vinte anos após ter morrido, a princesa Grace está sempre presente em nossos corações e nossos pensamentos", escreveu. Ele a elogiou por "desempenhar com perfeição seu papel de esposa e mãe."

Rainier também ajudou a manter viva a memória de Grace. Ao longo da costa, perto do elegante Cassino Monte Carlo, está a Avenida Princesa Grace; no Porto de Mônaco está a Biblioteca Princesa Grace; e perto do hospital onde Rainier passou os últimos dias de vida está o Teatro Princesa Grace.

Na Catedral de Mônaco, onde Grace foi enterrada ao lado dos três antecessores de Rainier, o único túmulo com flores é o dela. Foi na catedral, no dia 18 de abril de 1956, que os dois se casaram, no que foi chamado na época de casamento do século. E é precisamente lá que o conto de fadas termina. Ao lado do túmulo da princesa há uma lápide de mármore que receberá o nome do príncipe Rainier.