Título: Cientista reacende polêmica sobre fóssil
Autor: AP e Reuters
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2005, Vida&, p. A18

O debate sobre qual é o hominídeo mais antigo esquenta hoje. A revista Nature (www.nature.com) mostra novas evidências de que Toumai (Sahelanthropus tchadensis), fóssil de 7 milhões de anos, é merecedor do título e teria nascido logo após a separação entre homens e chimpanzés na árvore evolutiva. Em 2002, o paleontólogo Michel Brunet, da Universidade de Poitiers, na França, anunciou a descoberta de um crânio, fragmentos de uma mandíbula e alguns dentes na África como o hominídeo mais velho - enquanto outros estudos indicam que nossos ancestrais teriam ficado em pé apenas 3 milhões de anos depois, pelo menos. O anúncio foi recebido com desconfiança por outros cientistas, que querem mais evidências.

Agora, Brunet mostra uma reconstrução computadorizada do crânio, danificado no solo, uma recriação de como ele seria e a descrição de novos fragmentos. As imagens mostram um ser mais próximo do homem.

Contudo, a grande questão - se o S. tchadensis andava ereto, característica fundamental dos hominídeos - permanece aberta. Brunet diz ser possível estimar, com base no crânio, que sua coluna vertebral pertencia a um bípede. Porém, ele concorda que seria ideal encontrar fósseis com "assinaturas" que comprovem o uso em posição ereta, como ossos do quadril, joelho ou pé.

Para outros paleontólogos, há evidências consistentes, porém não conclusivas. David Begun, da Universidade de Toronto, no Canadá, diz que estará "convencido quando acharem uma rótula". Bernard Wood, da Universidade George Washington, nos EUA, diz que ainda existem poucas provas para declarar o S. tchadensis como o sumo ancestral - se a hipótese se mostrar errada, diz, Toumai fará parte de uma linha evolutiva que não vingou.