Título: Prefeito mexicano reúne 600 mil em seu apoio
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2005, Internacional, p. A10

Durante uma manifestação que reuniu mais de 600 mil pessoas, o prefeito da Cidade do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciou ontem que voltará a assumir hoje seu cargo, do qual se afastou após ter sua imunidade levantada pela Câmara de Deputados no dia 7. "Amanhã (hoje) volto a trabalhar em meu gabinete", declarou Obrador, desafiando a Procuradoria Federal que assegurou que o dirigente está destituído de seu cargo e ameaçou processá-lo se ele reassumir suas funções.

Desde que a Câmara dos Deputados levantou sua imunidade, não está claro entre os políticos nem entre os juristas se o levantamento de imunidade supõe a destituição automática do prefeito, ou se ele pode continuar no cargo até que seja formalmente submetido a um processo judicial por ter violado uma ordem judicial que suspendia uma obra viária.

A acusação é considerada por aliados do prefeito como uma estratégia do governo do Partido de Ação Nacional (PAN - de centro-direita) para impedir que Obrador - do Partido da Revolução Democrática (PRD - de centro-esquerda) - concorra à presidência em 2006. Segundo pesquisas, ele é o favorito dos mexicanos.

Os simpatizantes de Obrador ocuparam totalmente o Zócalo, a praça mais importante da capital, e se estenderam por mais de um quilômetro por duas avenidas pelas quais marcharam até o ponto final de concentração. Eles levavam cartazes que diziam "não estás sozinho", "Obrador presidente", "salvemos a democracia".

Durante seu discurso, interrompido diversas vezes por intensos aplausos, Obrador prometeu ser um "presidente para todos" e não usar o poder para favorecer somente seus amigos. "Legalmente continuo sendo o chefe de governo do Distrito Federal, não só porque fui eleito de forma democrática, mas porque ainda nem fui submetido a um processo judicial", declarou Obrador.

No sábado, o juiz Juan Olvera devolveu à Procuradoria um pedido de prisão contra Obrador por considerar que havia irregularidades. O juiz disse que não podia emitir uma ordem de prisão nem aceitar o pagamento de fiança que dois deputados fizeram contra a vontade do prefeito.