Título: Japão agora critica livros de história chineses
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2005, Internacional, p. A11

Ataques, um dia após encontro entre líderes dos dois países, voltam a agravar crise O Japão abriu ontem uma nova frente em sua disputa com a China ao criticar duramente os livros de história chineses, agravando o atrito entre os dois gigantes asiáticos apesar do encontro de sábado entre seus líderes para reduzir as tensões. Durante um programa de TV ontem à noite, o chanceler japonês, Nobutaka Machimura, rejeitou as acusações chinesas de que os livros de história japoneses omitem as atrocidades cometidas pelo Japão durante a 2.ª Guerra. Ele disse, no entanto, que os livros chineses é que doutrinam os estudantes com uma visão desproporcional do passado.

"Há uma tendência a isso em qualquer país, mas os livros chineses são extremos no modo como eles manifestam a perspectiva de 'nosso país é correto'", disse Machimura, ecoando um editorial de domingo do maior jornal do Japão acusando a China de ter uma educação nacionalista. Machimura disse que Tóquio informará Pequim oficialmente sobre o que pensa dos livros da China após uma completa revisão.

A dura linguagem reflete o modo contraditório do Japão de lidar com o conflito com a China, que começou com violentos protestos antinipônicos após Tóquio aprovar uma versão de um livro de história.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, pediu desculpas pela sangrenta ação de seu país pela Ásia nos anos 30 e 40 e no sábado se reuniu com o presidente chinês, Hu Jintao, à margem de uma cúpula regional em Jacarta, Indonésia. Mas, apesar da ofensiva diplomática, Tóquio também deu fortes sinais de que não será intimidado por Pequim.

A reunião entre os dois líderes não dissipou os mal-entendidos. Koizumi e Hu esquivaram-se de discutir sobre os temas mais delicados da crise diplomática e se limitaram a mencionar a necessidade de preservar a "cooperação amistosa".

Apesar das advertências, de Pequim, cerca de 300 chineses marcharam ontem até uma fábrica de propriedade de japoneses na cidade de Zhuhai, sul da China. Pelo menos duas pessoas foram presas.

ELEIÇÕES

Os candidatos do partido governista japonês venceram duas eleições parlamentares especiais, convocadas após a renúncia de dois deputados. A vitória dos dois candidatos do Partido Liberal Democrata em Fukuoka, sul, em em Miyagi, norte, pode ser o resultado da firme atuação de Tóquio na crise com a China.