Título: IGP-DI supera previsões e encosta em 1%
Autor: Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2005, Economia, p. B4

Os efeitos da estiagem no Sul sobre os produtos no atacado e os preços administrados no varejo elevaram a inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de 0,40% em fevereiro para 0,99% em março. O resultado superou as expectativas do mercado financeiro, de no máximo 0,95%. Os três componentes do IGP-DI, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentaram aceleração de um mês para o outro: o Índice de Preços por Atacado (IPA) subiu de 0,39% para 1,14%; o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), de 0,43% para 0,70%, e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), de 0,44% para 0,67%.

O destaque de alta foi a soja, que, no atacado, teve deflação de 7,58% em fevereiro e subiu 15,75% em março. "A soja em fase de colheita deveria ter com redução de preço", disse o economista da FGV Salomão Quadros.

Soja, milho, leite, carne e aves subiram e fazem parte do grupo de matérias-primas brutas do IPA, que passou de deflação de 1,10% para alta de 2,91% de fevereiro para março. Só esse grupo respondeu por 0,42 ponto porcentual (pp) no resultado do IGP-DI e 0,70 pp do IPA.

VAREJO

Os preços administrados responderam por 0,54 ponto porcentual do IPC de 0,70%, sendo 0,27 pp relativo ao aumento do ônibus urbano em São Paulo e Porto Alegre, observou o economista da FGV André Furtado Braz.

A taxa média nacional captada pelo IPC em março relativa a ônibus urbano foi de 7,78% e o grupo que mais subiu em março foi o de Transportes, com 2,38%. Esta alta afetou o INCC, em que a aceleração de março se deveu basicamente ao aumento do vale-transporte dos trabalhadores no setor.

Outros destaques do IPC foram as altas médias nacionais da taxa de água e esgoto, de 3,85%, e de telefonia móvel, de 2,89%. A água teve reajustes no Distrito Federal e em Belo Horizonte e os celulares no Rio e em São Paulo.

Em abril, os preços administrados devem pesar de novo com reajustes já autorizados de energia em Minas Gerais, de ônibus urbano no Rio e do ICMS sobre telefonia e energia elétrica em Porto Alegre.