Título: Lula fala com ministro e dá voto de confiança
Autor: Vasconcelo Quadros
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2005, Nacional, p. A4

Preocupado com o envolvimento do nome do ministro da Previdência em denúncias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para Romero Jucá na noite de quinta-feira. Apesar do desconforto de ambos, Lula recomendou-lhe que ele siga "tocando o trabalho". A redução do déficit previdenciário é estratégica para o governo, que aposta na capacidade gerencial de Jucá para ampliar os recursos para investimentos. A despeito da compreensão presidencial, a idéia do ministro e do governo é de apressar ao máximo o esclarecimento dos fatos junto à Procuradoria-Geral da República.

Jucá já pediu, por exemplo, que seus advogados reúnam todos os documentos para responder de forma definitiva no caso da dívida com o Banco da Amazônia (Basa) pelo empréstimo feito à empresa Frangonorte, da qual foi sócio.

O apoio do conjunto do governo ao ministro já havia sido manifestado na véspera do telefonema presidencial pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O ministro aproveitou a audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para dizer que a redução do déficit da Previdência em R$ 8 bilhões dará uma contribuição importante ao equilíbrio econômico, "não só das contas, mas da economia como um todo".

Palocci fez questão de citar Jucá nominalmente, ao declarar que a área econômica está oferecendo ao ministro todo o apoio de que ele precisa para reduzir o déficit. Se conseguir cumprir o cronograma, Jucá duplicará o potencial de investimentos públicos em 2006.

De acordo com um interlocutor presidencial, ao menos por enquanto Lula ainda não se arrependeu da indicação que fez. A aposta predominante no Palácio do Planalto é de que a nomeação de Jucá valerá à pena pela enorme capacidade de trabalho ele tem.

Lula lembra-se bem de que foi Jucá quem o alertou da conveniência de definir o salário mínimo em dezembro, aproveitando a boa maré do governo.