Título: PSDB defende Alckmin e anuncia boicote ao governo
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/04/2005, Nacional, p. A10

O PSDB divulgou ontem nota de apoio ao governador Geraldo Alckmin e anunciou boicote ao governo federal, numa reação ao seqüestro de R$ 57 milhões do Estado de São Paulo para garantir o pagamento de dívidas da Vasp. O líder no Senado, Arthur Virgílio (AM), pediu que os partidos de oposição se juntem e não votem mais nada que seja de iniciativa do Planalto, enquanto o governo insistir em discriminar os Estados. "Não colaboraremos mais, a menos que o governo se conscientize de que não é o dono do País, não pode desrespeitar o Congresso, tem de respeitar o princípio federativo e não pode dar prosseguimento ao ranço autoritário que marca o governo do PT", disse Virgílio. Para ele, o presidente Lula "precisa pôr na cabeça que sua reeleição não está acima de qualquer coisa", como "dão a entender os derrotados nomeados para cargos de relevância". "É incrível como esse governo consegue ser fraco e autoritário ao mesmo tempo e, no fim, isso só demonstra uma atitude desesperada de quem é despreparado e não sabe agir", disse.

Na nota, assinada por seu presidente, senador Eduardo Azeredo (MG), o PSDB "registra com surpresa e preocupação a tentativa de bloqueio de recursos" de São Paulo. O texto classifica de "violação da lei e dos princípios do equilíbrio federativo, da boa administração e da convivência política civilizada" a medida do Tesouro.

"No momento em que o Brasil conta com a maturidade de suas lideranças para enfrentar os sinais de turbulência no quadro econômico externo, o presidente Lula assiste sem reação adequada, aparentemente alheio à gravidade do fato, a uma ação que arranha a soberania de uma unidade da Federação e golpeia fundo a reputação de seu governo", diz. "A decisão do Supremo Tribunal Federal susta o prejuízo ao Estado, mas não repara o dano político causado, em última análise, ao Brasil. O presidente Lula começou esta semana devendo uma explicação ao País."

De manhã, em Piracicaba, Azeredo disse que ao criar empecilhos para São Paulo o Planalto quer antecipar o processo eleitoral, pois Alckmin é pré-candidato à Presidência. "O PSDB se manifesta de maneira muito firme, pois não vamos antecipar o processo eleitoral em respeito ao povo. Mas o governo federal está querendo antecipá-lo"