Título: Rio tem a maior chacina: 30 mortos
Autor: Rodrigo Morais, Roberta Pennafort
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/04/2005, Metrópole, p. C1

Trinta pessoas foram assassinadas na pior chacina ocorrida no Rio - há dois sobreviventes, um em estado grave. A Secretaria da Segurança acredita no envolvimento de policiais militares da Baixada Fluminense. A matança começou na quinta-feira, por volta das 20 horas, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, quando dois homens que andavam de bicicleta no acostamento da Via Dutra foram assassinados. Todas as vítimas, segundo a investigação, foram escolhidas a esmo pelos executores. O terror só terminou mais de uma hora depois, no município de Queimados, a 10 quilômetros de distância, com a morte de quatro pessoas num lava-rápido. "Acredito que possa haver policiais envolvidos em função do calibre empregado (.40), privativo das Polícias Civil e Militar do Rio. Estamos associando a possibilidade de haver conexão com o fato ocorrido no 15.º Batalhão (a prisão de oito PMs acusados de dois homicídios e de lançar a cabeça decepada de uma das vítimas no quartel)", disse o secretário da Segurança, Marcelo Itagiba. O comandante do 15.º Batalhão, em Duque de Caxias, coronel Paulo César Lopes, vem punindo desvios de conduta, o que teria causado insatisfação entre PMs.

De Nova Iguaçu até Queimados, os atiradores, que estavam em um carro e uma motocicleta, dispararam aleatoriamente em quem encontraram no caminho, mesmo em mulheres e crianças. Ainda na Dutra, os assassinos atiraram num grupo de quatro pessoas. O pior estava por vir. Na Rua Gama, Nova Iguaçu, os criminosos balearam dez pessoas no Bar Caíque e outra num bar em frente. Nove morreram.

No trajeto até Queimados, foram mais quatro assassinatos. No município, os assassinos pararam em cinco pontos diferentes e fizeram mais 12 vítimas.

Da noite de quinta-feira à de ontem, o Disque-Denúncia recebeu 89 telefonemas com informações sobre o crime. A polícia está oferecendo R$ 5 mil para quem ajudar a localizar os bandidos. Dois policiais suspeitos foram identificados no fim da tarde como Fabiano e Felipe. O segundo já vinha sendo investigado pelo Ministério Público por participação em grupos de extermínio.