Título: Exilado chileno apresentou secretária à América Latina
Autor: Denise Chrispim MarinExpedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2005, Nacional, p. A4

O primeiro contato da secretária de Estado americano com a realidade da América Latina aconteceu durante o curso de doutorado, na segunda metade da década de 70, na Universidade de Denver. Um de seus colegas, o exilado chileno Heraldo Mu¿oz, mantinha a então aspirante a especialista em União Soviética a par da resistência contra a ditadura do general Augusto Pinochet, que se instalara em 1973 em Santiago, com a ajuda dos Estados Unidos. "Ela se interessou pelo processo político em meu país, esteve em alguns eventos sobre a política chilena que organizei na universidade e sempre mostrou-se muito solidária com as forças democráticas na questão dos direitos humanos", contou Mu¿oz ao Estado.

Mu¿oz e Condoleezza têm bem-sucedidas carreiras em seus respectivos países e continuam em contato. Ex-vice-chanceler, ex-embaixador do Chile na Organização dos Estados Americanos e no Brasil e atual chefe da missão permanente de seu país nas Nações Unidas, em 2002 Mu¿oz disse a Condoleezza, então conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, que Luiz Inácio Lula da Silva venceria as eleições presidenciais no Brasil e aconselhou que o governo dos Estados Unidos adotasse uma atitude construtiva, "pois conhecíamos a história de Lula e de seu apego à democracia". Na semana passada, os dois amigos voltaram a conversar no Departamento de Estado, desta vez sobre a visita de Condoleezza à região. "Condoleezza é praticante da realpolitik e tem uma disposição muito favorável em relação ao Brasil", disse Mu¿oz.

O círculo de pessoas que a secretária de Estado ouve sobre o País e a região ampliou-se nos últimos anos. Outro latino-americano cujo conselho ela buscou foi o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o uruguaio Enrique Iglesias.

Três altos funcionários americanos ajudaram a secretária de Estado a formar sua visão sobre a região e estratégia para lidar com o Brasil e seus vizinhos.

O mais próximo de Condoleezza talvez seja o embaixador Thomas Shannon, diplomata de carreira casado com uma guatemalteca, que já serviu no Brasil. Shannon foi o principal assessor de Condoleezza para assuntos hemisféricos no Conselho de Segurança Nacional nos últimos dois anos que ela ocupou o cargo e permanece no posto.

Robert Zoellick, o número dois de Condoleezza no Departamento de Estado, continuará a ser outra voz influente nas questões continentais. Ele foi responsável pela política hemisférica na campanha presidencial de Bush, em 2000. O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, John Danilovich, é também ouvido com atenção pela secretária de Estado.