Título: Dirceu falha em aproximar Chávez e EUA
Autor: Tânia Monteiro João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2005, Nacional, p. A5

Ministro foi em vão à Venezuela tentar convencer presidente a rever o rompimento do acordo militar com os americanos Numa viagem de ida e volta a Caracas que durou menos de 15 horas, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, tentou e não conseguiu convencer o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a rever o rompimento do acordo militar com os Estados Unidos, em vigor há 35 anos. Toda a correria de Dirceu teve por objetivo dar uma boa notícia à secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, com a qual teve um encontro fechado de 20 minutos no início da noite de ontem. A boa notícia, entretanto, não veio. Dirceu seguiu para a Venezuela por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem mostrado preocupação com o comportamento agressivo de Chávez em relação aos EUA. Segundo auxiliares de Lula, Dirceu falou da necessidade de evitar o confronto entre os países da região. A política de confrontação adotada por Chávez com os EUA é considerada um dos principais motivos de dor de cabeça do presidente George W. Bush na América Latina.

O porta-voz da Presidência, André Singer, procurou reduzir a importância da visita de Dirceu à Venezuela. Disse que a viagem teve por objetivo discutir assuntos relativos à integração sul-americana. "O encontro nada teve a ver com a visita da secretária Condoleezza Rice ao Brasil."

Segundo a assessoria de Dirceu, seu encontro com Chávez deveria ter ocorrido dia 9, mas acabou sendo adiada duas vezes. Ele foi acertado depois da reunião entre Lula e os presidentes da Argentina, Néstor Kirchner, e da Colômbia, Alvaro Uribe, na posse do colega uruguaio, Tabaré Vasquez. A idéia é tentar acabar com as tensões na região, dando prosseguimento aos passos iniciados por Lula. Qualquer notícia de avanços seria boa para o governo brasileiro.

CONVERSA

Foi Dirceu quem recebeu Condoleezza quando ela chegou ao Palácio do Planalto para uma reunião de meia hora com Lula. Ele participou da conversa, assim como o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o secretário-executivo do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães. Pelo lado da secretária, estavam o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, John Danilovich, e assessores.

No encontro, Condoleezza "destacou a importância das relações entre Brasil e EUA para o crescimento do comércio e a consolidação da democracia no continente", segundo Singer. "Ambos, o presidente Lula e a secretária Condoleezza, concordaram que o aumento do comércio, o desenvolvimento econômico e a democracia são o caminho para resolver os problemas da região."

O porta-voz contou que Lula reiterou o convite a Bush para visitar o Brasil. "A secretária enfatizou que o presidente Bush quer muito vir ao Brasil e está vendo a data mais conveniente", disse Singer.