Título: Polícia Federal prende cinco líderes dos sem-terra de Alagoas
Autor: Ricardo Rodrigues Colaborou: Chico Siqueira
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2005, Nacional, p. A10

Coordenadores do MST são acusados de depredação; em SP, 6 líderes do Mast são condenados à prisão A Polícia Federal prendeu ontem, no início da tarde, os cinco principais coordenadores do Movimento dos Sem-Terra (MST) em Alagoas. A prisão preventiva, com validade de 30 dias, foi determinada pelo juiz federal André Carvalho Monteiro, a pedido do delegado da PF Fernando Castro, que comanda as investigações sobre a invasão em março do prédio da superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do armazém da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Maceió. Segundo o advogado do MST, Daniel Pereira, os líderes foram à sede da PF em Maceió para depor e foram surpreendidos com a prisão. José Roberto Alves da Silva, Hercílio Leandro da Silva, José Carlos da Silva, Josivânia Maria da Silva e Maria do Ó dos Santos respondem a dois inquéritos e são acusados de depredação do patrimônio público, incêndio de viatura federal, constrangimento ilegal, saque e formação de quadrilha.

Pereira considerou a prisão "arbitrária" e disse que vai pedir hoje habeas-corpus na Justiça Federal. "Não havia motivo para a prisão porque nenhum deles se negou a depor, todos são primários, são conhecidos e têm residência física."

O delegado da PF Arivaldo Menezes Marques disse que os cinco podem pegar de 5 a 18 anos de cadeia. Ele explicou que a prisão preventiva foi pedida para evitar novos incidentes, pois as ações dos sem-terra em março em Maceió ganharam repercussão pelo alto grau de vandalismo e desordem.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Alagoas e o Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) lançaram nota de repúdio à prisão. "Movimento social não é quadrilha e líder sem-terra não é bandido", disse José Paulo da Silva, do MTL. Para Carlos Lima, da CPT, isso é perseguição aos movimentos sociais que lutam pela reforma agrária. Na nota, o MTL responsabiliza o governo e seus aliados nos Estados. "O que estão fazendo com o MST é reflexo da reforma agrária do governo Lula, com seu serviço de espionagem infiltrado nos movimentos", disse José Paulo.

A pedido do Incra, o ouvidor agrário nacional, Gersino José da Silva, chega hoje a Maceió para acompanhar as negociações sobre as prisões.

MAST

Em São Paulo, 6 líderes do Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast) foram condenados a penas de até 13 anos de prisão. A sentença, do juiz Darci Lopes Baraldo, da 2.ª Vara Criminal de Presidente Venceslau, é de 1.º de abril, mas foi publicada anteontem. Os advogados de defesa vão recorrer.

O coordenador do Mast, Lino de Macedo, Francisco Leite Dos Santos, Milton David da Silva, Conrado Magno Borges, Jair Aparecido de Souza e Claudinei Aparecido Rodrigues foram condenados pela invasão, em maio de 2004, da Fazenda São Francisco, no Pontal do Paranapanema. Imagens de TV mostraram os acusados portando armas de grosso calibre e depredando a fazenda invadida.