Título: Brasileiro adere aos fitoterápicos
Autor: Roberta Pennafort
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2005, Vida &, p. A11

Feitos à base de plantas medicinais, os remédios fitoterápicos têm sido cada vez mais utilizados pelos brasileiros. Segundo dados do setor, esses medicamentos movimentam US$ 400 milhões por ano e já abocanham 7% do segmento farmacêutico no Brasil, com perspectiva de aumento nos próximos anos. O que tem atraído os consumidores é o fato de as substâncias naturais produzirem menos efeitos colaterais e terem a capacidade de prevenir doenças - e não só de combatê-las. Carlos Lima, dono da Farmácia Caminhoá, uma das líderes do ramo no Rio, estima que o crescimento seja de 10% por ano. "A população está buscando cada vez mais a saúde, seja na alimentação ou nos remédios. Está deixando os alopáticos (remédios convencionais) um pouco de lado e aderindo aos alternativos." Em suas lojas, que vendem fitoterápicos e também medicamentos homeopáticos e ortomoleculares, os itens mais procurados são os calmantes, antidepressivos, os que combatem as alergias e os problemas digestivos.

A aposentada Ana Maria Martins, de 53 anos, é uma dessas pessoas. Ela aderiu aos remédios naturais há quatro anos, para tratar os efeitos da menopausa e também para controlar a ansiedade e o stress. "Pena que não comecei antes", comenta Ana Maria, cujo médico é especializado nas técnicas chinesas de curar doenças. "Não sinto nenhum efeito indesejado e percebo que meu organismo está muito mais fortalecido."

O médico Roberto Boohrem, presidente do Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais (IBPM) e membro do Programa de Plantas Medicinais da Secretaria Estadual de Saúde do Rio, explica que os remédios que têm apresentado melhor resposta são os que previnem males crônico-degenerativos, como hipertensão arterial, diabete e arteriosclerose, os que diminuem a ansiedade e o stress e os antioxidantes, que reduzem a possibilidade de se desenvolver doenças como o câncer.

MANIPULAÇÃO

Boohrem acredita que o fenômeno não é brasileiro, mas mundial. Aqui, o crescimento do mercado pode ser mostrado também pelo aumento do número de farmácias de manipulação no País: 73% nos últimos cinco anos (passou de 3.100 para 5.356). "O número de substâncias de eficácia comprovada cresce ano a ano e os fitoterápicos estão se popularizando", afirma Boohrem. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamenta o comércio dessas drogas desde 1995. A Anvisa não soube informar, no entanto, quantos já estão registrados.

Entre as vantagens dos fitoterápicos com relação aos remédios convencionais está a capacidade de equilibrar o funcionamento do organismo, prevenindo doenças. Eles não provocam dependência nem tolerância e são menos nocivos ao organismo. A utilização dessas substâncias não é indicada para casos de infecções agudas, que têm de ser tratadas com antibióticos alopáticos. Já pessoas que costumam contrair infecções freqüentemente devem fazer uso de imuno-estimulantes naturais, que fortaleçam seu sistema imunológico.

A prescrição tem de ser feita por um médico. O problema é que muitos deles não têm informações suficientes sobre esse tipo de remédio. Por isso, o IBPM ministra cursos para capacitar não só os médicos, mas também farmacêuticos e nutricionistas. Mais informações no site www.ibpm.org.br.