Título: União enviará até 600 homens ao Rio
Autor: Roberta Pennafort, Luciana Nunes Leal e Vannildo M
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2005, Cidades, p. C1
Um grupo de 400 a 600 homens da Força Nacional de Segurança Pública chega esta semana ao Rio para ajudar a combater a violência no Estado. Na quinta-feira, 30 pessoas foram executadas a esmo na Baixada Fluminense. Por enquanto, cinco policiais militares do 24.º Batalhão (Queimados) são suspeitos da matança. Até a noite de ontem, três estavam presos - um havia sido detido apenas para averiguação - e o quinto estava sendo procurado. O último detido pela Polícia Federal ontem foi o soldado Ivonei Souza, reconhecido por uma testemunha, por meio de fotografia. A mesma pessoa, que mora em Nova Iguaçu, perto de um dos cenários da chacina, havia apontado na véspera o cabo José Augusto Moreira Felipe como um dos assassinos. Na noite do crime, a testemunha estava em casa quando ouviu os tiros. Saiu e viu dois PMs e vários carros. Outros dois suspeitos tiveram os nomes mantidos em sigilo.
Outra testemunha, ouvida pela Polícia Civil, reconheceu o soldado Fabiano Gonçalves Lopes, preso desde sábado. O soldado Ivonei Souza ainda não foi mostrado a essa segunda pessoa para reconhecimento. Os três presos estão em diferentes unidades da PM. Na tarde de ontem, essa testemunha confirmou a acusação contra Fabiano Gonçalves Lopes.
O superintendente da PF, José Milton Rodrigues, passou o dia na delegacia do órgão em Nova Iguaçu. Segundo Rodrigues, além dos PMs já presos, existem pelo menos seis suspeitos de envolvimento na matança em Nova Iguaçu e Queimados. Rodrigues afirmou não ter dúvidas de que a matança tenha sido promovida por PMs do 24.º Batalhão e de outras unidades na Baixada, além de policiais civis. Todos fariam parte de um grupo de extermínio.
Assim como a Polícia do Rio, a PF ainda não tem certeza da motivação da chacina. O superintendente adiantou que a PF trabalha com fontes diferentes da Polícia Civil e não descartou que o massacre tenha sido uma represália à ação do comandante do 15.º Batalhão da PM (Duque de Caixas), coronel Paulo Cesar Lopes, que tem punido desvios de condutas de seus subordinados, a principal linha de apuração.
TROPAS
Quarenta policiais federais estão envolvidos na investigação. Um automóvel Vectra - do mesmo modelo e cor visto na noite do crime - foi apreendido ontem. O carro estava sendo dirigido por um policial militar, que agora também está sendo investigado.
O envio de tropas ao Rio foi divulgado ontem pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, depois de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. Segundo o ministro, a chacina está perto de ser resolvida, porque os criminosos agiram de forma ostensiva, claramente para afrontar a autoridade do Estado. "As investigações prosseguirão até que todos os responsáveis por esse crime hediondo estejam na cadeia", afirmou Bastos.
Os agentes se somarão às equipes das Polícias Federal e Rodoviária, já deslocadas para o Estado após o massacre. Segundo o ministro, Lula continua indignado. "Ele determinou que o governo federal acione todos os meios disponíveis para que sejam asseguradas apuração rápida e punição dura." A Força Nacional, criada no ano passado, é uma tropa de elite pronta para entrar em ação em qualquer ponto do País.