Título: Desemprego tem segunda alta em SP
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2005, Economia, p. B6

O desemprego na Região Metropolitana de São Paulo subiu em março, pelo segundo mês consecutivo. Pesquisa divulgada ontem pelo convênio entre a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) mostra que a taxa passou de 17,1% da População Economicamente Ativa (PEA), em fevereiro, para 17,3%, no mês passado. Isso indica que havia 1,715 milhão de pessoas sem ocupação em março, 28 mil a mais do que no mês anterior. Apesar do avanço da desocupação, os responsáveis pela pesquisa fazem uma leitura otimista dos números do mês passado. "Esperávamos um aumento maior da taxa de desemprego, o que seria normal para o período", diz Sinésio Pires Ferreira, diretor de Pesquisas da Fundação Seade.

A taxa de desemprego subiu 1,2% de fevereiro para março. É a menor variação verificada para esse período desde o início da pesquisa, em 1985. No ano passado, por exemplo, a taxa havia crescido 4,04%, de 19,8% para 20,6%.

Outro resultado que surpreendeu os técnicos da Seade e do Dieese foi o crescimento da ocupação, algo que só havia sido registrado antes em março de 1995 e de 2001. No mês passado, foram abertos 15 mil postos de trabalho (alta de 0,2% na ocupação). Mas o número de novas vagas foi insuficiente para absorver as 43 mil pessoas que passaram a procurar emprego no período.

"Tivemos um início de ano atípico", afirma Clemente Ganz Lúcio, diretor-técnico do Dieese. Para ele, o quadro mais favorável para o mercado de trabalho no primeiro trimestre pode ser explicado pelo bom desempenho das exportações e pela reação da demanda doméstica, sustentada pelo aumento da oferta de crédito e pela expansão da massa de rendimentos.

O comportamento do emprego industrial foi o principal responsável pelo aumento da oferta de vagas em março. O setor abriu 11 mil vagas, com alta de 0,7% no seu nível de ocupação. Desde 1985, essa foi a primeira vez que a indústria gerou postos de trabalho em um mês de março.

O único setor de atividades a cortar vagas foi o comércio, que demitiu 6 mil pessoas no mês passado. Já o setor de serviços criou 8 mil empregos e construção civil e os serviços domésticos geraram outras 2 mil ocupações.

Para abril , o comportamento típico é de aumento do desemprego com criação de postos de trabalho, resultado da entrada de pessoas no mercado numa escala maior do que as das vagas criadas. "Os sinais são contraditórios. Há elevação de juros e também aumento da oferta de crédito, o que sustenta o crescimento do consumo. Assim, não está descartada a possibilidade de queda do desemprego", afirma o diretor do Dieese.

RENDA PÁRA DE CAIR

A pesquisa também indica que a renda do trabalhador teve ligeira alta, depois de três meses consecutivos de queda. Em fevereiro (último dado disponível), o rendimento médio real dos ocupados atingiu R$ 1.011, com crescimento de 0,2% em relação a janeiro. Na comparação com fevereiro de 2004, quando estava em R$ 1.026, houve queda de 1,5%.

Já a massa de rendimentos, principal indicador da capacidade de consumo da população de uma região, cresceu 3,1% nos últimos 12 meses, refletindo o aumento da ocupação, já que os rendimentos médios diminuíram no período. De março de 2004 até o mês passado, foram criados 489 mil postos de trabalho na Região Metropolitana de São Paulo.