Título: Governo não sabe trabalhar em equipe, afirma Furlan
Autor: Vânia Cristino, José Ramos
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2005, Economia, p. B6

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, reconheceu ontem que o governo às vezes enfrenta problemas de coordenação entre os ministérios, o que torna sua ação lenta. "O governo, infelizmente, ainda não aprendeu a trabalhar em equipe", disse o ministro, durante a divulgação do Mapa Estratégico da Indústria, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O mapa é um plano estratégico para o País, com ações que, na avaliação da indústria, levarão ao desenvolvimento sustentado até 2015. Ao explicar a falta de coordenação, o ministro citou como exemplo os projetos para os portos. Segundo ele, quando o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, assumiu a coordenação da Agenda Portos, no fim de 2004, percebeu-se que havia ações sobrepostas dos ministérios que levavam a resultados fracos. "No momento em que se trouxe uma força-tarefa, juntando todos os ministérios, os problemas foram identificados e as ações de correção foram colocadas." Segundo Furlan, deve haver sempre essa função de coordenação dos setores, como houve com os portos. Ele disse que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva está fazendo essa coordenação nas questões relativas ao meio ambiente, transporte e energia.

O mapa, afirmou o ministro, pode ajudar o Brasil a cuidar dos assuntos importantes que, muitas vezes, são relegados a segundo plano por causa das emergências. "O urgente atropela o importante todos os dias, mas o importante não pode ficar tardando até o dia em que fique urgente."

"O mapa define o País que queremos", disse o presidente da CNI, deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE). As metas são de médio e longo prazos, a serem alcançadas entre 2010 e 2015. O setor deseja crescimento do Produto Interno Bruto a 5,5% ao ano entre 2007 e 2010 para chegar a 7% ao ano entre 2010 a 2015. A taxa de desemprego deve baixar progressivamente de 9% em 2007 para 6% ao ano em 2015, e a carga tributária deve cair de 33% em 2007 para 27% em 2015. O setor espera que a taxa real de juros caia para 6% até 2010 e para 4% em 2015.