Título: Estatais do petróleo acreditam em manutenção dos preços
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2005, Economia, p. B7

Executivos das principais estatais de petróleo - entre elas sete integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) - acreditam na manutenção do preço do petróleo nos atuais níveis. Todos participaram esta semana do 3.º Fórum de Estatais de Petróleo, no Rio. Anfitrião do evento, o presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, disse que a avaliação geral era de que a cotação do barril deve se manter em patamares altos, por causa do aumento da demanda e da ação de especuladores no mercado. Mas, assegurou, a Petrobrás não pretende reajustar os preços dos combustíveis neste momento. Participaram do fórum empresas do porte da saudita Saudi Aramco, dona das maiores reservas mundiais de petróleo, e da venezuelana PDVSA, principal exportadora do produto para os Estados Unidos. O preço do barril não esteve na pauta oficial do encontro, disse Dutra, mas foi discutido em conversas informais nos intervalos das sessões. Segundo ele, as cotações continuam sofrendo impacto das incertezas sobre o potencial de aumento da oferta pelos países produtores e pelo gargalo na atividade de refino.

O presidente da Petrobrás descartou reajustes nos preços dos combustíveis agora, com o argumento de que há ainda muita volatilidade no mercado. "Em poucos dias, o preço caiu de US$ 58 para US$ 50", lembrou o executivo, referindo-se a um movimento ocorrido há duas semanas. Na semana passada, as cotações voltaram a subir, chegando perto dos US$ 55.

A manutenção do patamar atual vem forçando bancos a rever suas projeções para o preço médio deste ano. O banco americano Merryl Linch, por exemplo, elevou sua estimativa de US$ 41 para US$ 46 por barril. Já para o Banco UBS, o barril do petróleo WTI, negociado em Nova York, deve fechar o ano com preço médio de US$ 48, US$ 4 a mais do que a previsão anterior. Nenhum dos dois bancos acredita em reajustes no Brasil e, por isso, o UBS está reduzindo a estimativa de lucro da estatal para este ano.

Os preços da gasolina e do diesel estão congelados desde novembro do ano passado e o gás de cozinha não sofre alteração desde 2002. A defasagem com relação às cotações internacionais levou a Refinaria Ipiranga a fechar as portas no início do mês, a fim de evitar prejuízos. A empresa não consegue repassar a alta no insumo para seus clientes e deve ficar sem operar até que a defasagem seja eliminada.

BRASKEM

Dutra afirmou que até sexta-feira a Petrobrás deve informar sua posição sobre a compra de ações da Odebrecht da Braskem, que controla a central petroquímica do Nordeste. Segundo o acordo de acionistas da empresa, a estatal tem até o dia 30 deste mês para decidir se usa o direito de preferência que lhe permite igualar sua posição no capital acionário com a Odebrecht, atual controladora. As negociações são complicadas, já que o mesmo acordo prevê que, ao decidir comprar as ações, a Petrobrás terá que sair de projetos concorrentes, como o Pólo Gás-Químico do Rio, que entra em operação ainda este ano.