Título: Condoleezza pede que Brasil assuma papel de 'moderador'
Autor: Denise Chrispim Marin Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2005, Nacional, p. A8

Brasil e Estados Unidos chegaram a um acerto sobre a Venezuela. A secretária de Estado, Condoleezza Rice, pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que atue como uma espécie de "moderador" nas questões sul-americanas, em especial nos arroubos de Hugo Chávez. Do lado brasileiro, a resposta veio no relato da visita do ministro da Casa Civil, José Dirceu, a Caracas, dias antes, quando deixou claro a Chávez o recado do Planalto de que "Brasil não é república bolivariana". Ou seja, o país é aliado da Venezuela, mas não seguirá o caminho de confronto com Washington.

Embora cansado das atitudes intempestivas de Chávez, Lula aprendeu a lidar com o companheiro. Nos últimos quatro meses, amarrou dois torniquetes no líder bolivariano, como meio de controlar seus impulsos beligerantes contra os EUA.

Em dezembro passado, aceitou a Venezuela como membro associado do Mercosul - uma condição que implica a preservação das instituições democráticas. Em fevereiro, celebrou a aliança estratégica Brasil-Venezuela, um pacote de obras de infra-estrutura, de parceria na área siderúrgica e de estímulo ao ingresso de produtos venezuelanos ao mercado brasileiro.

A rigor, o governo brasileiro não tem intenção de picotar essa aliança estratégica, que envolve também exportações brasileiras, ou de expulsar a Venezuela do Mercosul pelo não cumprimento da cláusula democrática.

Mas tais compromissos vão pairar sempre como um limitador das atitudes de Chávez, o mais interessado em não perder a parceira com o Brasil.