Título: Costa e Bornhausen se atacam no Senado
Autor: Lígia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2005, Nacional, p. A10

Ministro e senador trocam acusações de uso político da crise da saúde no Rio, com direito até a soco na mesa durante audiência O ministro da Saúde, Humberto Costa e o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) bateram boca na Comissão de Assuntos Sociais do Senado ontem, com direito a soco na mesa e insultos. O embate ocorreu na audiência para discutir a intervenção do governo federal em hospitais do Rio, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada. Bornhausen citou falhas de atendimento no Instituto Nacional do Câncer, afirmou que a intervenção no Rio teve motivação política e aconselhou o ministro a olhar para os problemas no ministério.

Costa retrucou que o prefeito César Maia - também do PFL - é que fez uso político da crise, em detrimento da população. "Um prefeito que não implanta ações básicas de saúde e permite até o fechamento de unidades de emergência não pode se colocar como um excelente administrador", afirmou, dando um soco na mesa.

"Não levante a voz para senadores", reagiu Bornhausen. Ele classificou a administração de Costa de incompetente e chamou-o de "ministro dos vampiros" - numa referência ao escândalo dos Vampiros, operação da Polícia Federal que revelou fraudes na compra de hemoderivados e medicamentos para combate à aids e prendeu vários funcionários da Saúde.

Os ânimos só se acalmaram com a intervenção do senador Tião Viana (PT-AC). Mas a trégua foi parcial. Nas três horas que se seguiram, Costa passou por sua mais dura audiência, tanto na Câmara quanto no Senado. Parlamentares da oposição repetiam à exaustão que ele tinha sido poupado na reforma ministerial apenas por causa da intervenção no Rio.

Depois do bate-boca, Costa recuperou a calma e insistiu em que várias vezes tentou um acordo com Maia e a situação da Saúde do Rio beirava o "descalabro". Também fez nova proposta: arcar por um ano com os custos do Samu, o serviço de emergência com UTIs móveis criado em sua gestão, até hoje não adotado no Rio.