Título: Plano Colômbia não reduz fluxo de cocaína para EUA
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2005, Internacional, p. A13

Erradicação recorde de plantações de

coca não se reflete nas ruas americanas Depois de cinco anos e US$ 3 bilhões gastos na mais agressiva operação antidrogas já realizada na Colômbia, funcionários colombianos e americanos dizem ter erradicado um recorde de 1,3 milhão de acres de plantações de coca, mas a cocaína continua disponível como sempre nas ruas dos EUA. "É muito perturbador", disse um alto funcionário diplomático que acompanha a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, numa viagem pela região. Como há cinco anos, os traficantes colombianos ainda fornecem 90% da cocaína usada nos EUA e 50% da heroína, segundo Washington. "A disponibilidade doméstica de cocaína permaneceu estável ou cresceu levemente", admitiu em fevereiro o escritório de política antidrogas da Casa Branca. Funcionários disseram que os preços permaneceram estáveis e a pureza aumentou.

O chamado Plano Colômbia inclui programas para reprimir o narcotráfico e treinar os militares colombianos para combater rebeldes que controlam grande parte do negócio. A peça central da campanha tem sido o uso de 82 aviões para despejar herbicida sobre cultivos de coca. Os traficantes já derrubaram pelo menos cinco aviões; três pessoas morreram.

Sobram teorias sobre a causa da disparidade entre os números da erradicação e as estimativas de disponibilidade. O embaixador da Colômbia nos EUA, Luis Alberto Moreno, disse acreditar que as forças colombianas deveriam arrancar as plantas de coca em vez de jogar herbicida. O alto funcionário diplomático afirmou suspeitar que os traficantes armazenam vastos estoques de cocaína e os distribuem lentamente. O general Jorge Daniel Castro, diretor da polícia federal colombiana, disse acreditar que os traficantes simplesmente voltam a plantar a coca assim que os aviões vão embora. Mesmo com os resultados contraditórios, o governo Bush está pedindo que o Congresso prolongue o Plano Colômbia por pelo menos um ano.