Título: Palocci traz homem forte para equipe
Autor: Adriana Fernandes, Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2005, Metrópole, p. B1

Murilo Portugal, secretário do Tesouro do governo FHC, é o novo integrante. Marcos Lisboa sai do governo O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, anunciou ontem mudanças no Ministério da Fazenda, do Banco Central (BC) e na representação do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI). O secretário de Política Econômica do Ministério, Marcos Lisboa, deixou o governo e uma dança de cadeiras permitiu a Palocci concretizar um velho projeto: trazer para a equipe o economista Murilo Portugal, representante do Brasil no FMI. Com isso, a equipe ganha um perfil mais conservador. Portugal, secretário do Tesouro Nacional entre 1992 e 1996, era chamado pelos colegas de "Doutor No", tamanha a quantidade de "nãos" que dizia para os pedidos de liberação de verba. Palocci trouxe para perto de si, também, um velho conhecedor da máquina burocrática em todos os seus meandros.

Lisboa saiu por motivos pessoais, como informou Palocci. Sua vaga será ocupada por Bernard Appy, atual secretário-executivo do ministério. Na hierarquia da Esplanada, Appy assumirá um cargo inferior ao que tinha.

Para a vaga de Portugal no FMI, o ministro indicará o diretor de Estudos Especiais do Banco Central, Eduardo Loyo. A Diretoria de Estudos Especiais será assumida por Alexandre Tombini, atual assessor-sênior do Brasil no FMI. "Essas mudanças ajustam de maneira adequada a nossa equipe", afirmou Palocci. Ele acrescentou que o presidente do BC, Henrique Meirelles, participou de todas as decisões.

Appy disse que ainda tem um trabalho grande para a construção da agenda institucional do País. Segundo ele, Lisboa completou uma parte da agenda, mas ainda há muito o que ser feito. Appy contou que partiu dele a iniciativa de pedir a Palocci,para assumir o cargo no lugar de Lisboa.

Segundo pessoas próximas, ele preferiu assumir esse cargo para poder se dedicar mais à agenda de reformas econômicas. A Secretaria-executiva envolve uma gama de atividades administrativas que não lhe deixavam tempo para se dedicar a esses temas.

Já Lisboa havia pedido para deixar o cargo porque, segundo Palocci, terá um filho em breve, e sua esposa, Bia, pediu que ele retornasse ao Rio de Janeiro. Appy disse, em tom de brincadeira, que desde o início do governo, quando Lisboa foi o primeiro secretário a ser escolhido para a equipe de Palocci, invejava o seu cargo.

Appy acrescentou que tem mais perfil de formulador do que de executivo, mas que "soldado tem de fazer o que mandam fazer", numa referência ao fato de ter assumido a secretaria no início do governo. Ele elogiou a Lisboa, dizendo que este teve papel muito importante na redefinição dos rumos da política econômica.

Lisboa disse que está deixando o cargo completando o trabalho de elaboração das propostas de reestruturação da defesa de concorrência, criação do cadastro positivo e de abertura do mercado de resseguro. Segundo ele, esses projetos estão na Casa Civil.

Ao comentar sua saída, Lisboa fez elogios a Palocci. Disse que nos dois anos e meio que ficou no cargo, houve muito trabalho mas que, ao mesmo tempo, foi um período muito prazeroso e gratificante. Ele disse que trabalhar com Palocci é "fácil, porque é prazeroso; difícil, porque ele cobra à beça". MAIS INFORMAÇÕES: