Título: País supera nações pobres em mortalidade infantil, diz OMS
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2005, Nacional, p. A8

A cada ano, 3,3 milhões de crianças nascem mortas, mais de 4 milhões morrem antes dos 28 dias o - 98% delas em países em desenvolvimento - e outras 6,6 milhões antes de completar 5 anos de idade. Mais de meio milhão de mulheres morrem porque deram à luz. A morte de crianças e mães no mundo, tema do relatório Situação Mundial da Saúde, preparado este ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS), não dá sinais de diminuir na velocidade que deveria. Os 75 países que concentram a maior parte da mortalidade materna e infantil no mundo precisariam de R$ 52,4 bilhões além do que já é investido hoje para avançar no atendimento de mães e bebês - acréscimo equivalente a 18% até 2015. São nesses próximos dez anos que o mundo teria de alcançar patamar de reduzir em dois terços a mortalidade na infância e em três quartos a mortalidade materna em comparação a 1990. L. P. Lisandra Paraguassu BRASÍLIA No Brasil, de cada mil crianças que nascem, 35 morrem antes de completar 5 anos. Esse dado, apontado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no relatório Situação Mundial da Saúde 2005, divulgado ontem em todo o mundo, coloca o País em 11º lugar entre 21 países da América Latina. O número, retirado de dados oficiais do Ministério da Saúde brasileiro, é quase quatro vezes maior do que o do Chile, onde nove a cada mil morrem antes dos 5 anos e superior ao da Argentina, onde o índice é 17 mortes por mil nascidas. O Brasil ainda perde para países mais pobres, como Panamá (24 por mil nascidos vivos) e Paraguai, onde a cada mil crianças que nascem 29 morrem antes de completarem os cinco anos de idade. Os números sobre mortalidade infantil no País apresentarem melhoras, o que faz a OMS avaliar que o Brasil está no caminho certo.

Em 1990, a cada mil crianças nascidas no País, 61 morriam antes de completar cinco anos. No entanto, para alcançar a meta traçada pela ONU - reduzir a mortalidade na infância em dois terços até 2015 - o governo brasileiro terá de adotar novas políticas para alcançar uma taxa de 20 mortes a cada mil crianças nascidas, como deseja a ONU. Isso significa uma redução de 40% nos próximos 10 anos.

O relatório deste ano trata da saúde das mulheres e das crianças.

A OMS aponta a mortalidade de mães no Brasil, causada por problemas durante a gravidez e no parto, como mais um problema a ser enfrentado pelas autoridades.Dados oficiais do Ministério da Saúde mostram que, em 1990, morriam 64,3 mulheres por problemas relacionados à gravidez a cada 100 mil bebês que nasciam no País. Em 1996, eram 52 mortes e hoje, de acordo com os últimos números, referentes a 2001, estão em 50 mortes de mães.

Os dois temas - mortalidade infantil e de mães - são parte dos Objetivos do Milênio, metas traçadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que os países devem cumprir até 2015. Um dos nós do sistema brasileiro de saúde que devem ser desatados para que essas metas sejam alcançadas é melhorar o acesso ao sistema de saúde justamente das populações mais marginalizadas e mais pobres.O relatório da OMS qualifica o sistema de saúde brasileiro como amplo, com boa cobertura e gratuito, mas ressalta ainda deixa de fora uma parte pequena, mas marginalizada da população.