Título: Ciro e mais sete devem trocar o PPS pelo PSB até o fim do mês
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2005, Nacional, p. A6

O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, deve trocar o PPS pelo PSB até o fim do mês. Da bancada de 17 deputados federais do PPS, 6 pretendem acompanhar Ciro, assim como a senadora e sua ex-mulher Patrícia Saboya (PPS-CE). Assessores de imprensa do ministro informaram que ele não vai falar sobre o assunto. "É muito forte a tendência de o ministro Ciro ir para o PSB", disse ontem o ex-líder do PPS na Câmara Júlio Delgado (MG), que também pretende ingressar no PSB. Segundo ele, a idéia é viabilizar a saída dos parlamentares do PPS ao mesmo tempo. "Queremos mostrar que a nossa atitude de deixar o partido é política e, por isso, unificar o momento da saída. No ano passado, seis deputados deixaram o PPS, mas cada um saiu para um canto. Agora queremos ter atitude coletiva", explicou. Além dele, devem sair do PPS os deputados B. Sá (PI), Geraldo Rezende (MS), Cláudio Magrão (SP), Átila Lins (AM) e Rogério Teófilo (AL).

As negociações para levar Ciro e deputados federais para o PSB estão sendo feitas pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos. Neto do presidente do PSB, deputado Miguel Arraes (PE), Campos tem conversado freqüentemente com Ciro para convencê-lo a ingressar no seu partido. O ministro da Integração também tem convite para ir para o PTB. "Já tivemos muitas conversas e decidimos sair porque não vamos ficar dizendo amém para as maluquices do presidente do PPS", argumentou Delgado.

O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE), disse que o partido já considera "afastado" o ministro Ciro Gomes. "Há tempos que ele diz que vai deixar o partido. Primeiro diziam que ele levaria 12 deputados com ele, mas agora já baixaram esse número para 5 ou 6. No final, acho que ele vai acabar levando a família dele e mais um ou outro deputado", afirmou ontem Freire. "Agora, quem se julgar incapaz de conviver em um partido que não é da base do governo e quem quiser ser adesista tem todo o direito de sair", completou.

As divergências entre Freire e Ciro vêm desde meados de 2003 e atingiram o clímax no fim do ano passado, quando o PPS decidiu sair da base de apoio no Congresso ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Foi uma vitória da ala oposicionista, comandada por Freire. Ciro deixou a vice-presidência do PPS no ano passado e em janeiro Freire determinou seu afastamento do partido.