Título: Envio de grupo de elite foi definido em janeiro
Autor: Vannildo Mendes, Roberta Pennafort
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2005, Cidades, p. C1

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, informou ontem em Brasília que a Força Nacional de Segurança Pública vai passar por um período de ambientação no Rio antes de ser integrada às ações de combate à violência. De 400 a 600 homens começarão a desembarcar esta semana na cidade, em grupos de 60 a 80. Bastos explicou que o envio da tropa já estava programado desde janeiro com a governadora Rosinha Matheus e não tem relação com a chacina da Baixada Fluminense. Ele evitou alimentar divergências com as autoridades fluminenses e afirmou que não é função da força fazer investigações, mas o policiamento ostensivo de rua. "As investigações estão sendo realizadas de forma integrada e exemplar entre as Polícias Federal, Militar e Civil do Estado." Segundo ele, o trabalho para desvendar a chacina já levou à prisão de três suspeitos e atinge os objetivos com a rapidez e eficiência do inquérito que apurou o assassinato da freira Dorothy Stang.

No Rio, o secretário da Segurança Pública, Marcelo Itagiba, confirmou que o envio da força não tem ligação com a chacina. "A Força Nacional não virá para participar de investigações, já que ela não se destina a esse tipo de trabalho, mas para atuar em ações conjuntas com nossas tropas de elite no confronto com a criminalidade", disse, depois de se reunir com o superintendente da Polícia Federal, José Milton Rodrigues.

AFRONTA

Para Bastos, por suas características, a chacina foi uma afronta ao Estado brasileiro. "Quem fez isso, queria mostrar que despreza o Estado e resiste às instituições democráticas. A única resposta que o Estado pode dar é uma perseguição implacável e um castigo forte para esse crime e isso vai ser feito." Ele disse também que voltou a falar com Itagiba e Rosinha para desfazer mal-entendidos.

"Não estamos fazendo uma intervenção no Rio. É um trabalho conjunto como o que fizemos no Pará e em outros Estados."

Os homens da força serão alojados e passarão por um período de treinamento no Batalhão de Polícia Especial (Bope). A ida da força ao Rio faz parte do plano de ajuda federal aprovado em janeiro, a pedido do governo estadual. Os policiais se somarão às equipes das Polícias Federal e Rodoviária. A força é uma tropa de elite preparada para enfrentar graves distúrbios de ordem pública, combater o narcotráfico e o crime organizado. Ela foi criada no ano passado para ser empregada como alternativa às Forças Armadas.

Escolhidos entre os melhores quadros policiais dos Estados, os integrantes da força recebem treinamento na Academia Nacional de Polícia Federal em Brasília e ficam de prontidão, para serem deslocados a qualquer parte do território nacional. Até agora, cerca de 2.400 homens de todos os Estados já receberam treinamento.