Título: Saldo vai bem e Furlan muda discurso
Autor: Jander Ramon
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2005, Economia, p. B1

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, tentou explicar ontem o fato de as exportações brasileiras continuarem em bom ritmo, apesar da valorização do real em relação ao dólar. "O câmbio tem afetado setorialmente, e não globalmente, as exportações", disse o ministro, antes de participar da abertura da Brasilplast 2005 - Feira Internacional da Indústria do Plástico, no Anhembi, em São Paulo. Segundo Furlan, a manutenção das exportações ocorre porque as indústrias brasileiras têm procurado diversificar os mercados de destino. Além disso, exportadores que atendem à União Européia e ao Japão, por exemplo, têm optado pela substituição do dólar por moedas locais, garantindo, assim, a competitividade do produto brasileiro. "Temos setores que vêm sofrendo com a taxa de câmbio e vêm perdendo participação em mercados tradicionais, como é o caso de calçados e alguns segmentos do setor automotivo."

A diversificação da pauta de produtos e do destino das vendas externas do País também é o principal motivo apontado pelo secretário de Comércio Exterior do ministério, Ivan Ramalho, para os sucessivos crescimentos das exportações brasileiras. Ele destacou que, somente em 2004, mil novas empresas passaram a exportar no Brasil e 600 novos produtos foram agregados à pauta.

Na opinião de Furlan, a manutenção do vigor das exportações brasileiras também se deve ao fato de alguns segmentos - como aço e minério de ferro - terem conseguido reajustar preços, aproveitando uma conjuntura externa favorável. O ministro também destacou que algumas empresas exportadoras, como a Embraer, dependem muito de insumos importados e, com o real valorizado, ganham competitividade.

Outro motivo apontado por Ramalho para o aumento das vendas externas é a criação de uma cultura exportadora no País. Segundo ele, todos os Estados brasileiros estão aumentando as exportações em 2005, ano em que o País deverá exportar US$ 112 bilhões, segundo as últimas projeções.

Ramalho, que participou de seminário de comércio exterior no Rio, disse discordar da avaliação feita ontem pelo presidente da Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB), Benedicto Fonseca Moreira, de que o aumento das exportações é conseqüência especialmente do crescimento mais lento do que o esperado do mercado interno e da elevação dos preços das commodities.

Para o secretário, as empresas brasileiras hoje estão mais interessadas no mercado externo e não deixariam de exportar mesmo com o aquecimento do mercado interno ou valorizações cambiais.

CONCORRÊNCIA

Em relação às queixas contra a concorrência desleal de produtos chineses, Furlan recomendou aos empresários que apresentem denúncias concretas, caso queiram que o governo inicie ações de combate. De acordo com o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), João Guilherme Sabino Ometto, os setores mais sensíveis são os de plásticos e têxteis. Colaborou: Jaqueline Farid