Título: Xiita nomeado primeiro-ministro
Autor: Reuters, AP e AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2005, Internacional, p. A10

O xiita Ibrahim al-Jaafari foi nomeado ontem primeiro-ministro do Iraque pelo presidente Jalal Talabani, que o encarregou da formação do governo. A nomeação de Jaafari, já esperada e produto de um acordo entre xiitas e curdos, foi anunciada logo depois de Talabani prestar juramento como presidente. A cerimônia, no entanto, foi marcada por uma gafe. Depois de prestar o juramento solene e de fazer o discurso de posse, Talabani deixou o recinto, retornando depois que a maior parte das emissoras de TV que cobriam o evento já tinha encerrado a transmissão ao vivo. Segundo ele, havia esquecido de anunciar a nomeação do primeiro-ministro. O esquecimento irritou alguns companheiros de partido de Jaafari.

Depois da confusão, Jaafari prometeu apresentar à Assembléia Nacional sua lista de ministros em duas semanas. A nomeação do primeiro-ministro é a principal prerrogativa do conselho presidencial - formado pelo presidente e os dois vices, também empossados ontem. A partir de então, o papel da presidência passa a ser basicamente simbólico e de representação do Estado.

Jaafari governará até que tome posse uma administração definitiva, a ser eleita em dezembro, sob a égide de uma nova Constituição que será redigida pela Assembléia Nacional e aprovada num referendo (ver quadro). O novo primeiro-ministro prometeu, em sua primeira entrevista coletiva, formar um gabinete que inclua tecnocratas e mulheres. Além disso, estarão representados no gabinete os principais grupos étnicos e religiosos do país, e todos os ministros "terão um histórico limpo", segundo ele.

Integrante da Aliança Unida Iraquiana (AUI), principal vencedora das eleições de 30 de janeiro, Jaafari reconheceu que não há um calendário para retirada das tropas estrangeiras do Iraque, pois as atuais forças de segurança iraquianas "não atingiram ainda o nível da eficiência exigido para controlar a situação".

Segundo ele, a prioridade deve ser "treinar e equipar estas forças com a tecnologia mais moderna", e, só quando este propósito for atingido, "não haverá necessidade de forças multinacionais". Jaafari também pediu aos membros do governo em fim de mandato, liderado pelo xiita Iyad Allawi, que se una ao novo Executivo.

Em termos pouco cordiais, o presidente da Assembléia Nacional, o sunita Hakhim al-Hassan, aceitou a renúncia apresentada por Allawi, mas o instou a continuar trabalhando no dia-a-dia do governo até que o gabinete de Jaafari esteja totalmente formado. "Seu povo está olhando para você e esperando", disse ele. "Então, trabalhe!"

Também ontem, a polícia iraquiana encontrou 11 corpos de civis iraquianos nos arredores de Ramadi, cerca de 100 quilômetros a oeste de Bagdá. Segundo os policiais, eles pertenciam a trabalhadores de uma base americana da cidade. Todos os cadáveres apresentavam impactos de bala na cabeça. SP 18 DE ABRIL DE 1996:

Militantes islâmicos matam 18 turistas gregos perto das pirâmides.

18 DE SETEMBRO DE 1997:

Nove turistas alemães são mortos em um ataque a tiros e bomba diante do Museu do Cairo.

17 DE NOVEMBRO:

Com armas e espadas, atacantes matam 58 turistas e 4 egípcios perto de um templo em Luxor.

7 DE OUTUBRO DE 2004:

Atentados a bomba no Hilton Hotel e praias de Taba matam 34.

ALVOS TURÍSTICOS SP Fantasma do terror ressurge no Egito Atentado suicida contra centro histórico do Cairo repleto de visitantes estrangeiros mata uma francesa, além do terrorista ORIENTE MÉDIO Reuters, AFP, AP e DPA CAIRO Um atentado suicida numa das áreas mais freqüentadas por turistas estrangeiros no Cairo matou ontem uma francesa, além do terrorista, informaram autoridades egípcias. Outras 18 pessoas ficaram feridas. Inicialmente foi divulgada a versão de que o homem morto seria um turista americano, mas depois um porta-voz do Ministério do Interior, Magdi Radi, desmentiu essa afirmação e disse tratar-se do autor do atentado, aparentemente um egípcio. A Embaixada dos EUA no Cairo informou ontem à noite que três dos feridos são americanos.

Inicialmente, citando depoimentos de sobreviventes, policiais informaram que uma bomba tinha sido lançada no local por um homem numa motocicleta. Horas depois, o chefe de segurança do Cairo, Nabil al-Azabi, disse que a bomba foi detonada por um desconhecido que chegou ao local a pé.

O ataque teve como alvo um dos mais populares centros turísticos do Cairo, onde estão situadas a Mesquita de Al-Azar e o mercado Khan el-Khalili, no centro histórico da cidade. A explosão ocorreu no mercado conhecido como Bazar Al-Moski, onde se vendem peças de artesanato, jóias e roupas típicas do país.

O local ficou coberto de cacos de vidro, fragmentos de metal e restos humanos, enquanto peritos e investigadores da polícia reviravam o local em busca de pistas.

Policiais disseram extra-oficialmente que o número de mortos poderia aumentar, pois alguns dos feridos apresentavam lesões graves e muitos dos restos humanos ainda não tinha sido identificados.

O turismo é a principal fonte de receita do Egito e é alvo freqüente dos grupos radicais islâmicos que combatem o governo (ver quadro). Com o relativo controle dos extremistas nos últimos anos, o país recebeu em 2004 um número recorde de turistas - cerca de 8 milhões, 2 milhões a mais do que em 2003.

Logo depois do atentado, cuja autoria não foi imediatamente reivindicada por nenhum grupo, centenas de policiais bloquearam o acesso ao local, onde inúmeras ambulâncias prestavam socorro aos feridos.

Segundo o vice-ministro da Saúde egípcio, Ahmed Adel, entre os estrangeiros feridos há quatro franceses, três americanos, um italiano e um turco.