Título: Mercado eleva as previsões de inflação
Autor: Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2005, Economia, p. B4

O mercado financeiro não acredita mais no cumprimento da meta de inflação de 5,1% perseguida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) neste ano. "É muito difícil que a meta seja alcançada", disse o economista do Banco Itaú Joel Bogdanski, ao comentar a quinta elevação das previsões de inflação contidas na pesquisa de mercado divulgada ontem pelo Banco Central (BC). Com a nova alta, as projeções de IPCA passaram de 5,83% para 5,88%. A pesquisa mostrou ainda que foi mantida a aposta de que o Copom não elevará a taxa de juros neste mês. Ana Paula Almeida, economista da Tendências Consultoria Integrada, lembrou que a meta de 5,1% só seria alcançada se inflação mensal, de maio até o fim do ano, girasse em torno dos 0,33%, o que é pouco provável.

O economista do Unibanco André Lopes também descarta a possibilidade de atingir a meta deste ano: "O BC não consegue mais cumprir esta meta." Mas acredita que a inflação ficará abaixo do teto de 7% da banda de inflação do ano (4,5% mais 2,5 pontos porcentuais para cima ou para baixo). "Isto é bastante factível."

Segundo Bogdanski, do Itaú, as projeções de inflação em 12 meses estão ficando próximas das estimativas do BC. O diferencial entre as estimativas de mercado e as do BC, informou, está hoje perto de 0,50 ponto porcentual. "Quando eu trabalhava no BC, tínhamos a avaliação de que um diferencial desta magnitude indicava que estávamos tendo sucesso na coordenação das expectativas de mercado", explicou.

Segundo a pesquisa do BC, o mercado financeiro elevou as expectativas de crescimento econômico para este ano, de 3,67% na semana passada para 3,69%. A produção industrial deve crescer 4,79%, avaliação dos economistas ouvidos pelo BC. As projeções do superávit em conta corrente no ano subiram de US$ 4,29 bilhões para US$ 4,70 bilhões e as de superávit da balança comercial avançaram de US$ 29 bilhões para US$ 29,84 bilhões.